Ibovespa cai 1% e perde os 100 mil pontos após dados dos EUA; dólar e DIs recuam

Mercado tem um dia de forte volatilidade entre guerra comercial e aumento nos temores de desaceleração na economia norte-americana

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou perto da mínima nesta terça-feira (3), em um dia que teve bastante volatilidade devido à divulgação de indicadores fracos nos Estados Unidos.

O principal índice da B3 caiu 0,94%, a 99.680 pontos, com volume financeiro de R$ 17,434 bilhões na volta do feriado de Dia do Trabalho nos EUA, que reduziu expressivamente o número de negócios na véspera (volume de R$ 10,3 bilhões). Na máxima, o índice chegou a bater 101.416 pontos, e na mínima, recuou até 99.406 pontos.

Depois de trazerem ânimo aos investidores ao reacenderem as esperanças de que o Federal Reserve possa ser mais assertivo nos cortes de juros, os dados provocaram uma outra leitura, de que a economia está mais fraca em meio à guerra comercial, o que colocou ainda mais expectativa sobre a fala do presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, hoje às 18h (horário de Brasília).

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No dia 20 de agosto, ele falou que não há necessidade de novos cortes de juros no momento, mas que pode mudar de ideia se os dados mostrarem uma maior desaceleração na economia do país.

Enquanto isso, o dólar comercial ficou praticamente estável, apresentando leve variação negativa de 0,09% a R$ 4,1791 na compra e a R$ 4,1798 na venda. Na véspera, o câmbio atingiu seu maior patamar de fechamento desde setembro do ano passado, quando terminou o pregão do dia 21 cotado a R$ 4,19. Já o dólar futuro para setembro caía 0,1% a R$ 4,189.

Ontem, a piora nas expectativas de avanço nas conversas sobre a guerra comercial veio após informações da Bloomberg de que Estados Unidos e China resistem em marcar uma data para se encontrarem e debaterem um acordo comercial. O acirramento dos protestos em Hong Kong também eleva a aversão ao risco; a Huawei acusou os EUA de assediarem trabalhadores e atacarem seus sistemas.

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Na Europa, as bolsas fecharam em queda generalizada, após parlamentares britânicos da oposição tentarem assumir o controle da Câmara dos Comuns e impedir o Reino Unido de deixar a União Europeia sem um acordo em 31 de outubro.

Funcionários do governo disseram na segunda-feira que o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, poderia convocaria uma eleição geral em 14 de outubro. Johnson sinalizou a possibilidade de um acordo de retirada, mas reiterou que a Grã-Bretanha não atrasaria mais a sua saída do bloco.

No Brasil, a produção industrial caiu 0,3% em julho frente a junho, contra a expectativa mediana do consenso Bloomberg, que apontava para expansão de 0,5% no indicador. 

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No confronto com julho de 2018 (série sem ajuste sazonal), a indústria recuou 2,5%, após queda de 5,9% em junho. O acumulado no ano foi de -1,7%.

Os contratos futuros de juros, por sua vez, registravam perdas: o DI para janeiro de 2021 recua seis pontos-base a 5,51%, e para janeiro de 2023 registra queda de nove pontos-base, a 6,57%, após o dado decepcionante da indústria brasileira.

Dados dos EUA

Os contratos de manufatura nos EUA sofreram uma inesperada contração em agosto pela primeira vez em três anos. O índice do ISM caiu de 51,2 pontos para 49,1 pontos em agosto, abaixo de todas as estimativas compiladas pela Bloomberg. A mediana das projeções apontava para 51,3 pontos. 

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Já os gastos com construção subiram apenas 0,1% na maior economia do mundo, ante expectativas de um crescimento de 0,3% em julho. O dado de junho foi revisado para uma queda de 0,7%. 

Noticiário Corporativo

A Petrobras (PETR3; PETR4) informou o início da fase vinculante do processo de venda da totalidade de suas participações em 11 campos de produção localizados em águas rasas na Bacia de Campos, denominados conjuntamente de Polo Garoupa.

Nesse projeto em particular, conforme faculta a sistemática, não haverá fase não vinculante. Essa operação está alinhada à otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, visando à geração de valor para os nossos acionistas.

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Sobre o Polo Garoupa, a Petrobras destaca que engloba as concessões de Anequim, Bagre, Cherne, Congro, Corvina, Malhado, Namorado, Parati, Garoupa, Garoupinha e Viola, localizados em águas rasas na Bacia de Campos, a uma distância de cerca de 80km da costa, com profundidade do reservatório entre 70m e 740m. A Petrobras detém 100% de participação desses campos, cuja produção média dos últimos 12 meses foi de cerca de 19,6 mil boe/dia.

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, o ministro da Economia, Paulo Guedes, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se reuniram nesta noite de segunda-feira para falar sobre o projeto da desestatização da Eletrobras (ELET6).

No último dia 21 de agosto, Maia disse que a ideia era montar um projeto que viabilize o investimento privado na estatal, com regulação forte e distribuição de recursos para as regiões atendidas pela companhia.

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As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 MRVE3 MRV ON 18,94 -4,82 +56,54 175,93M
 BPAC11 BTGP BANCO UNT N2 55,99 -4,78 +148,97 161,31M
 GOLL4 GOL PN ES N2 31,56 -3,31 +25,74 94,83M
 ELET3 ELETROBRAS ON 44,60 -3,27 +84,07 154,04M
 QUAL3 QUALICORP ON 28,61 -3,02 +128,51 61,43M

As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 YDUQ3 YDUQS PART ON 32,97 +3,06 +42,07 98,47M
 UGPA3 ULTRAPAR ON ED 16,99 +2,35 -34,51 152,07M
 MRFG3 MARFRIG ON 8,50 +1,92 +55,68 64,41M
 CIEL3 CIELO ON 7,70 +1,45 -9,17 85,81M
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,60 +1,19 +13,98 1,20B

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,60 +1,19 1,20B 1,22B 47.826 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN ED 32,86 -1,91 629,70M 658,95M 35.209 
 VALE3 VALE ON 45,52 -1,07 595,86M 951,56M 29.820 
 BBAS3 BRASIL ON 44,80 -1,86 475,26M 446,80M 26.542 
 BBDC4 BRADESCO PN EJ 32,06 -1,64 452,90M 641,23M 26.345 
 B3SA3 B3 ON 43,75 -0,43 412,13M 483,68M 27.358 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 18,52 +0,76 381,64M 415,87M 24.927 
 PETR3 PETROBRAS ON N2 28,11 +0,50 279,33M 287,58M 13.468 
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 35,88 -1,99 266,64M 385,45M 21.422 
 JBSS3 JBS ON 28,95 -0,72 235,60M 333,29M 27.620 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

Reformas

Sobre a reforma tributária no Senado, Roberto Rocha (PSDB-MA) não descartou a proposta de criar um imposto nos moldes da antiga CPMF. A possibilidade está sendo avaliada como forma de compensar a desoneração da folha de pagamento. O relator do texto anunciou a intenção de propor a redução de 20% para 10% na contribuição patronal para a Previdência.

A redução, indicou o relator, tem impacto de R$ 125 bilhões por ano para a arrecadação da União. A compensação teria de ser feita aumentando a alíquota do IBS (Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), a ser criado com a substituição de impostos federais, estadual e municipal, ou por meio da cobrança de um imposto nos moldes da CPMF – esta última ideia avaliada pela equipe econômica do governo.

Rocha anunciou a intenção de entregar o parecer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado até o próximo dia 15. Ele declarou ter garantias que os senadores vão aprovar a proposta ainda neste ano. A Câmara, então, que discute outra reforma, teria o primeiro semestre do ano que vem para concluir a tramitação.

No relatório, o senador deve atender governadores e abarcar a proposta de criar um fundo de desenvolvimento regional e outro de equalização com eventuais perdas na arrecadação após as mudanças da reforma.

O relator também deve abarcar a ideia do governo federal de fazer mudanças no Imposto de Renda. O texto no Senado, anunciou, deve colocar um “gatilho” constitucional permitindo as alterações no IR. O aumento do Imposto de Renda terá de ser condicionado à diminuição de cobranças na base de consumo, de acordo com o relatório que está sendo escrito por Roberto Rocha com o ex-deputado.

Em relação à reforma administrativa, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), disse ser contra um texto que retire dos servidores públicos o direito à estabilidade.

Ele entende que novas regras que vierem a ser implementadas devem valer apenas para futuros servidores. “No meu radar é tudo para frente. Essa discussão para trás eu acho ruim. Reduzir salário hoje de quem já entrou numa regra, eu acho ruim. Tirar estabilidade de que já entrou com essa regra, é ruim”, disse.

Maia prevê ainda para esta quarta-feira a realização na Câmara de uma reunião para discutir as queimadas na Amazônia. Ele manifestou receio de que a situação cause impacto nos negócios do país. “Falei com a bancada do agronegócio, que estava muito preocupado com o dano [ao país], e que estava disposto a visitar outros parlamentos aqui na nossa região ou na Europa”.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.