Hypera tem balanço fraco, mas esperado; CEO vê desaceleração como “temporária”

Na teleconferência de resultados, o executivo afirmou que 2024 deverá ser marcado por recuperação do setor e redução dos estoques da farmacêutica

Camille Bocanegra

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A Hypera (HYPE3), maior grupo farmacêutico do país, viu vendas no primeiro bimestre nos canais entre farmácias e consumidores crescendo “dois dígitos baixos” sobre um ano antes, mas uma desaceleração sazonal em março deve fazer o trimestre encerrar com crescimento de um dígito alto, afirmou o presidente-executivo da companhia, Breno de Oliveira, nesta quinta-feira.

As ações da companhia iniciaram o dia em queda e chegaram a se recuperar durante a teleconferência na manhã desta quinta-feira (14). No início da tarde, no entanto, voltaram ao movimento de desvalorização, com perda de 3,26%, a R$ 32,93, às 14h27 (horário de Brasília).

“Com o ajuste de março, o acumulado do trimestre deve ser ‘high single digit [um dígito alto]'”, afirmou o executivo em conferência com analistas, após a publicação na noite da véspera dos resultados da companhia no quarto trimestre, que mostraram queda de 28,7% no lucro líquido do período sobre um ano antes.

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O crescimento trimestral do mercado farmacêutico foi bastante volátil, segundo Oliveira. Mesmo assim, o mercado deve continuar crescendo 10% no médio prazo, com expansão de volume mais uma vez. A desaceleração, para o executivo, teria sido “temporária e não estrutural”. Para a Hypera, o comportamento do mercado farmacêutico em 2023 trouxe desafios adicionais para o crescimento e gestão do negócio, como o aumento do estoques para níveis acima do esperado ao fim do ano.

Assim, uma das expectativas é seguir com iniciativas de redução de estoques em 2024. “Estamos avançando bem nesse nosso objetivo, que iniciou em 2023”, comenta o Diretor de RI, Aldamario Couto, sobre o processo. “Terminamos o ano com um pouco mais de estoque, em especial de produtos acabados, do que a gente imaginava”, cita. O executivo considera que entre o final deste ano e início de 2025 a Hypera deve estar no nível de estoque visto em 2020, conforme o esperado.

“Somos a única empresa com presença de destaque em todos os mercados e estamos presentes em quase 100% das farmácias brasileiras”, comenta Breno. 

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“Assim como no ano passado, tivemos uma distribuição ao longo do ano bem diferente entre os trimestres”, em relação ao impacto na dinâmica de sell in (relação comercial que ocorre entre o fabricante e os canais de distribuição, ou seja, os revendedores) e sell out (oferta para o consumidor final). “É natural que o primeiro semestre do ano seja mais fraco em termos de sell in e que seja mais forte no segundo semestre, mas em 2023 foi o oposto do que aconteceu”, comenta diretor de RI.

“A gente acredita que vai ter uma volta à normalidade neste ano, não prevemos nada muito atípico neste ano”, afirma o CFO. “Vemos uma melhora do mercado como um todo mas principalmente dos independentes”, comenta o CEO. Administração antecipa volta à normalidade em 2024, sem previsão de nenhuma dinâmica atípica.

“Fomos mais cautelosos no crescimento de antigripais dessa vez”, comenta o CFO, considerando que ainda estão presentes efeitos do El Niño e o excesso de estoques da categoria no ano passado.

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“A gente vê aumento de cenário competitivo em algumas categorias, como genéricos, em razão do nível de estoque”, afirma o CFO, destacando que o crescimento menor que o esperado também afetou concorrentes. A pressão deve ser diretamente relacionada aos estoques e há expectativa de que a redução de inventário reduza o movimento pressionado.

Resultados fracos

O JPMorgan destacou que os números do 4T23 foram fracos e impulsionados por tendências de receita bruta (com queda de 13% na comparação anual). Pelo lado positivo, a análise destacou a melhor geração de fluxo de caixa e redução de dívida líquida. As orientações da empresa para 2024 (guidance, em inglês) também ficaram abaixo das expectativas do mercado tanto no nível operacional quanto de ganhos. O banco antecipou a reação negativa das ações.

Para a XP, os resultados foram considerados fracos porém esperados, assim como o guidance, que teria ficado aquém da expectativa da corretora. Apesar disso, os dados já estariam precificados no nível atual que a empresa negocia. O lucro ficou 8,4% abaixo das projeções da XP e a alavancagem foi considerada elevada, em 2,7 vezes a dívida líquida (R$ 7,4 bilhões) sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês). A visão do BBA é similar em relação aos dados apresentados no quarto trimestre mas a projeção para 2024 e bom início do ano devem garantir as expectativas positivas para este ano.

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(com Reuters)