Hungria cancela união entre BC e regulador do mercado, em busca de resgate

Criticado por limitar independência da instituição, premiê Viktor Orban disse que vai apresentar proposta ao parlamento

Renato Rostás

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SÃO PAULO – Em entrevista à rádio estatal MR1-Kossuth na manhã desta sexta-feira (20), o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Oban, afirmou que vai desistir da fusão entre o banco central do país e o órgão regulador do mercado financeiro, o PSZAF, apresentando a prospota ao parlamento. A comunidade internacional via esse movimento como uma maneira de o governo suprimir a liberdade da autoridade monetária, impossibilitando o acordo sobre um novo empréstimo com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Durante os últimos dias, alguns líderes haviam criticado a posição do premiê. Desde que subiu ao poder, seu partido, o Fidesz, vem sendo acusado de restringir a imprensa, o judiciário, e agora o próprio BC. Mario Draghi, presidente do BCE (Banco Central Europeu), havia afirmado na semana passada que a situação húngara preocupava muito.

Atrás de auxílio
Apesar de ter construído sua base política sobre a promessa de não depender mais de órgão externos, como o FMI (Fundo Monetário Internacional), Orban admitiu que um entendimento com o fundo e a União Europeia “para ontem” seria benéfico. O governo tem tido dificuldades de acesso ao mercado da dívida e pode necessitar de um resgate global.

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Apesar disso, a autoridade afirma que a situação não é negativa. “Não vejo nenhuma questão particular que traga dificuldades”, avaliou o primeiro-ministro. Entre as questões as quais o Parlamento Europeu já havia pedido resolução, está o alargamento do comitê de política monetária. O líder indicou um terceiro vice-governador do conselho recentemente. Mas, sobre esse assunto, ele não quis comentar.

Para Lars Christensen, do Danske Bank, a notícia é positiva para o país, que parece estar garantindo a independência do BC. Já nesta data, o resultado das declarações deve ser visto nos papéis de renda fixa da Hungria, bem como na taxa cambial. “Esperamos que isso ajude outros mercados da Europa central e oriental, e vemos potencial para o polonês, para se fortalecerem”, comentou.