HSBC vê pico da inflação próximo e recomenda exposição ao Brasil

Visão overweight para o País sustenta-se por perspectiva de que pico do ciclo de inflação e aperto monetário está próximo

Tainara Machado

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SÃO PAULO – Apoiado na perspectiva de que os ciclos inflacionário e de aperto monetário estão aproximando-se de seu pico, o HSBC tem recomendação overweight (perspectiva de retorno superior ao da média dos mercados emergentes) para o mercado de ações brasileiro, “embora o foco esteja mudando do setor de commodities para papéis com exposição à economia doméstica”, segundo o banco. 

Na percepção da instituição financeira, o principal obstáculo doméstico para o País é o risco de superaquecimento, o que aparentemente preocupa mais investidores locais do que estrangeiros. “A preocupação básica é a combinação de rápido crescimento dos investimentos em infraestrutura e do consumo com uma economia que já opera em plena capacidade, com desemprego extremamente baixo”, apontou o banco em relatório. 

Fim de um ciclo
Apesar disso, o Brasil, na opinião do HSBC, está melhor do que grande parte dos mercados emergentes, já que a autoridade monetária agiu com antecipação aos sinais de “estresse macroeconômico”. “As taxas de juros reais e a política macroprudencial são ambas restritivas em termos internacionais e a taxa de câmbio está valorizada”.

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O banco também afirma que a política fiscal passou de estimulante para neutra em 2011, apesar de reconhecer que o mercado preferiria uma política fiscal mais rígida e uma política monetária mais frouxa como contrapartida. 

Os dados conjunturais já exibem reflexo desse cenário e mostram desaceleração da economia, o que indica que o ciclo da Selic estaria chegando a seu pico. Ainda a favor do País, as perspectivas para inflação e crescimento brasileiros também são favoráveis se comparadas a outros mercados emergentes. O PIB (Produto Interno Bruto) deve expandir-se pouco mais de 4,5% em 2011 e 2012, enquanto a inflação é estimada em 6,3% este ano e 5,3% em 2012. 

Apesar de ambas as projeções estarem acima do centro da meta, de 4,5% ao ano, o banco sustenta que a alta dos preços não deve ser um grande impedimento para o mercado e que o Banco Central está preparado para acomodá-la e focar no longo prazo. 

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Barato
O HSBC argumenta que o Brasil está “barato”, especialmente se comparado ao México. Ou seja, resume o banco, o mercado acredita em uma desaceleração dura para a economia doméstica após o crescimento de 7,5% do ano passado, enquanto o banco vê um cenário mais suave, o que poderia levar a uma reavaliação das premissas para o País. 

Desse modo, o HSBC prefere nomes domésticos, porque devem aproveitar de forma “desproporcional” o pico do ciclo de aperto monetário. Mas ainda que se distancie das commodities, o banco avalia que o setor petrolífero continua a performar bem abaixo da média de seus pares globais no Brasil. 

“A questão fundamental para o setor é que, para uma história de E&P, houve muita exploração e produção não tão satisfatória”, escreveu o banco. Nos próximos doze meses, essa percepção deve mudar, avalia o HSBC, com aumento da produção. 

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No campo das ameaças, o HSBC situa a questão do câmbio, “claramente apreciado”. O diferencial de juro com os Estados Unidos deve manter a divisa forte, mas, no geral, diz o banco, é pouco provável que esta questão represente um grande obstáculo para as perspectivas para as ações brasileiras.