Hapvida (HAPV3): ação dispara 17% com sinais de virada no 2º tri reforçando otimismo; BofA eleva recomendação

Dados de adições líquidas, queda da sinistralidade na base trimestral e visão positiva de sinergias após aquisições impulsionam ativos

Lara Rizério Augusto Diniz

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A ação da operadora de plano de saúde Hapvida (HAPV3) tem experimentado fortes emoções na Bolsa em sessões pós-resultados. Após a divulgação do resultado do primeiro trimestre de 2022, em maio, as ações desabaram quase 17%, com analistas vendo os números como decepcionantes, fracos e ainda sem mostrar o impacto positivo das aquisições (notoriamente a da NotreDame).

Porém, neste pós divulgação do segundo trimestre de 2022, a história é bem diferente. Os papéis HAPV3 saltaram 16,97%, a R$ 7,72 depois de revelados os dados entre abril e junho deste ano.

Rafael Barros, analista da XP, destaca que a companhia apresentou resultados positivos no 2T22, com lucro líquido ajustado de R$ 241 milhões, mas com os destaques positivos maiores para as adições líquidas de 139 mil planos de saúde e a redução de 2,6 pontos percentuais (p.p.) na sinistralidade na comparação trimestral.

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O Bank of America elevou a recomendação do ativo de neutra para compra após o balanço. Os analistas apontaram que os fortes resultados do trimestre reforçaram a confiança após um “longo inverno”, com o pior ficando para trás e os dados de sinistralidade em sentidos opostos a seus pares mostrando a força do modelo de negócios.

As adições líquidas da carteira de planos de saúde reverteram a tendência negativa observada nas últimas divulgações de resultados, compostas por 529 mil adições brutas, 11 mil reduções de contrato e 379 mil cancelamentos. “Além disso, vale destacar que as aquisições da HB, Smile e Plamed ainda não foram fechadas, e deverão acrescentar mais 209 mil beneficiários à carteira de planos de saúde da empresa”, aponta Barros.

Já a sinistralidade caixa diminuiu 3,5 p.p. na comparação anual em base pro-forma (-2,6 p.p. na base trimestral), atingindo 72,3%. Segundo a empresa, a sinistralidade foi afetada por alguns eventos não recorrentes com efeito total de 3,9 p.p.: (i) 1 p.p. dos custos relacionados ao Covid-19, (ii) 1,9 p.p. da maior sinistralidade das empresas adquiridas, e (iii) 1 p.p. do reajuste de preços negativo dos planos individuais.

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“Em nossa opinião, o efeito relacionado às empresas adquiridas pode persistir nos resultados da Hapvida, atrasando o retorno da sinistralidade da empresa para os níveis históricos”, avalia a XP.

Do lado negativo, as despesas aumentaram em relação às receitas (tanto na base anual quanto trimestral), em parte devido à fusão entre Hapvida e NotreDame.

O Itaú BBA aponta como destaque a base de beneficiários do Hapvida crescendo novamente, com melhores tendências em adições orgânicas combinadas com as sinergias de receita já sendo capturadas. Sua sinistralidade em queda significativa em um trimestre em que a rentabilidade de todas as outras operadoras se deteriorou devido à recuperação dos procedimentos eletivos evidencia, na visão dos analistas, a eficiência de custo do modelo verticalizado.

O Credit Suisse reforça que a Hapvida mostrou os primeiros sinais de recuperação do crescimento orgânico com os dados de adições líquidas. No entanto, os analistas ressaltam que a margem bruta continua pressionada, pois os tickets estão abaixo da inflação, enquanto os custos e despesas evoluem.

“Neste contexto, nossos analistas acreditam que a reversão dos índices de sinistralidade pode levar alguns trimestres, pois dependem de ajustes de tickets para compensar sinistros pressionados pela inflação e utilização”, avalia.

Por outro lado, os analistas observam que a concorrência pode perder força, já que o setor vem operando com margens baixas faz algum tempo.

“Alguns concorrentes já mostram sinais de fraqueza, deixando de cumprir os requisitos de capital (por exemplo, Unimed Rio). Desse modo, Hapvida está bem posicionada para conquistar clientes e recuperar tickets. A empresa tem bastante solidez financeira em um setor regulado, e a integração vertical permite competir de forma sustentável em tickets mais baixos, uma vantagem de escala que não é facilmente replicável”, aponta o Credit.

Na sequência dos resultados, os analistas de mercado reiteraram recomendação positiva para a ação.

“Esperamos que nos próximos trimestres tanto as adições líquidas quanto os tickets médios ganhem força, a sinistralidade diminua e as sinergias da fusão entre Hapvida e GNDI comecem a aparecer, melhorando os resultados. Portanto, nossa visão para a ação é positiva baseada nas perspectivas de médio prazo”, destaca a XP. Em teleconferência, os executivos da Hapvida destacaram a recuperação plena do ticket médio deve ocorrer entre o quarto trimestre deste ano e o primeiro de 2023.

O Credit tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para HAPV3 com preço-alvo de R$ 9,50, ou um potencial de alta de 44% frente o fechamento da véspera. A recomendação do Itaú BBA para ação também é outperform, com preço-alvo de R$ 10 (potencial de 51,5% de alta frente à cotação de fechamento de quinta).  Já o BofA, agora também com recomendação de compra, tem preço-alvo de R$ 10 para os ativos.

Indicadores comemorados

Irlau Machado, copresidente da Hapvida comemorou na teleconferência com analistas sobre os resultados do 2T22 a melhora de vários indicadores financeiros da companhia. Dados relacionados à Covid-19 são um bom termômetro para mostrar a rota segura que a empresa parece caminhar.

A companhia informou, por exemplo, que a sinistralidade referente à Covid caiu no 2T22. As despesas com o chamado custo Covid-19 foram de R$ 63 milhões, passando de 3,7% no 1T22 para 1% no 2T22 da sinistralidade, devido a menor complexidade dos casos, levando a uma redução sensível das internações.

No volume de internações por conta do coronavírus, houve redução de 96,1% no 2T22 em relação ao 2T21, quando a segunda onda da pandemia estava no auge. Segundo a empresa, houve também menos gastos com pessoal, materiais e medicamentos, localização e funcionamento, serviços de terceiros na rede própria e os custos com a rede credenciada no combate à Covid-19: R$ 28,1 milhões no 2T22 contra R$ 153,5 milhões no 2T21.

Redução de sinistralidade

O crescimento orgânico e o controle do nível de sinistralidade foram destacados por Irlau Machado sobre os resultados no 2T22. Os números de planos de saúde, por exemplo, cresceram 9,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Nessa mesma comparação, os planos odontológicos avançaram 2,2%. Os cancelamentos de plano apresentaram também importante redução, e a inadimplência encontra-se estável.

Já no índice de sinistralidade, a queda para 72,3% se aproxima do índice aos níveis históricos da companhia, que é abaixo de 70%. “A gente está bem seguro do nosso caminho”, destacou.

Na teleconferência, os executivos relataram também sobre os reajustes nos planos de saúde iniciados em maio que, como resultado, melhora o índice de sinistralidade. É que o índice de sinistralidade é medido pela relação entre o número de procedimentos acessados pelo usuário e o valor pago pelo plano de saúde. A companhia citou na conversa com analistas que 55% da receita já está garantida até abril de 2023 por meio desses reajustes de preços.

Machado acredita que no último trimestre do ano e o primeiro de 2023, outro índice que estará muito próximo da recomposição é do tíquete médio. O tíquete médio ficou em -0,8% em planos de saúde no 2T22, na comparação com o 2T21, mas na comparação com os primeiros três meses do ano, o número foi 0,2% melhor. A empresa atribui o índice ainda negativo o fato da instabilidade econômica verifica nos últimos dois anos.

A Hapvida segue também o trabalho de integração com o Grupo Notredame Intermédica, cuja combinação de negócios foi fechada no início do ano. De acordo com a companhia, centenas de iniciativas e planos de ações já foram mapeados nesse período para a disseminação de melhores práticas e captura das sinergias entre as empresas.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.