Hapvida: Goldman rebaixa HAPV3 para neutro; JPMorgan mantém compra, mas com cautela

Goldman menciona cenário macroeconômico como risco para nome; JPMorgan aposta em HAPV3, mas monitora potenciais "notícias negativas"

Camille Bocanegra

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A Hapvida (HAPV3) não começou 2024 com o pé direito. E, na visão do Goldman Sachs, não há boas perspectivas de valorização para a companhia diante do aumento de riscos. Em revisão da recomendação para o nome, o banco cortou a recomendação de compra (estabelecida em setembro de 2023) para neutra e reduziu o preço-alvo para os próximos 12 meses de R$ 5,40 para R$ 4,80 (ainda um potencial de valorização de 38% em relação ao fechamento da véspera). O Goldman considera que o nome enfrenta “um caminho turbulento em direção à normalização das margens”.

Os papéis de Hapvida passam por forte queda em 2024, com perda de mais de 22% só neste ano. Na sessão de quinta, as ações fecharam com desvalorização de 5,19% e, nos últimos 30 dias, recuaram 10,56%.

Para o resultado do quarto trimestre de 2023, que será apresentado em 27 de março, o Goldman considera possível melhora da sinistralidade. Ainda assim, o banco ainda aguarda mais volatilidade para as ações causada por ruídos operacionais. Dentre eles, estariam a desaceleração nos ajustes de preço na região, atritos na integração de novos ativos e custos de medicamentos mais altos que o esperado, além do aumento significativo dos casos de Dengue. O banco também destaca a potencial desaceleração na criação de empregos como obstáculo para expansão da base de membros de saúde privada.

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“Dado que acreditamos que a ação está sendo negociada a uma avaliação justa e que uma reclassificação da ação no curto prazo é improvável (a menos que o cenário macroeconômico melhore mais rapidamente do que o esperado), consideramos que qualquer valorização nos níveis atuais dependeria de possíveis revisões ascendentes nos ganhos, o que também vemos como improvável dadas as mencionadas desafios operacionais”, afirma o Goldman.

O banco estrangeiro destaca que um dos riscos significativos para a empresa reside em um cenário macroeconômico mais fraco no futuro. A análise considera que, se houver uma aceleração do desemprego, o ambiente para adições líquidas de beneficiários para a empresa provavelmente se tornará mais desafiador.

Além disso, o Goldman Sachs considera também que um processo de integração mais lento do que o esperado da NDI (Notre Dame Intermédica) poderia comprometer os ganhos de sinergia no futuro, considerando o risco de aumentos nos custos unitários acima do esperado, atribuído à incerteza no quadro regulatório e comportamento do paciente. Da mesma forma, uma desaceleração mais forte do que o esperado no crescimento médio do tíquete, indicativa de uma competição mais intensa, poderia comprometer a estimativa de recuperação da rentabilidade.

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Para o JPMorgan, o movimento de queda atual é impulsionado pela redução de expectativas que a empresa vem promovendo em relação à normalização da sinistralidade. Na visão da operadora, a métrica deverá ficar em cerca de 68% em uma base que será ajustada no segundo semestre de 2024, o que indica que a normalização deverá demorar um pouco mais. Ainda assim, a visão do JPMorgan é positiva e considera que o mercado deveria precificar os papéis da Hapvida para os níveis históricos de retorno da companhia (ROE, na sigla em inglês).

O JPMorgan manteve a recomendação overweight (exposição superior, similar à compra), mas reforçou a necessidade de seguir acompanhando potenciais notícias negativas envolvendo a Hapvida. Dentre os três principais temas envolvendo o nome, estão as investigações do não cumprimento de ordens judiciais, mudanças na propriedade da Amil e ruídos sobre investigações contra a Prevent Senior.

“Nesse contexto, há preocupações sobre um possível efeito colateral na Hapvida, uma vez que as discussões no passado envolviam as duas empresas, mesmo que a HAPV3 tenha sido excluída das investigações. Se uma multa de magnitude semelhante for aplicada (R$ 940 milhões, no caso da Prevent Senior), representaria cerca de 4% do valor de mercado – mais do que a variação das ações desde então”, afirma o relatório. O banco tem preço-alvo de R$ 6,50 para os papéis, ou upside de 87%.