Há uma tempestade perfeita chegando para o dólar, que pode cair ainda mais, diz estrategista

Ele acredita que os mercados interpretaram mal o provável efeito dos estímulos por conta das medidas de Donald Trump

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Há fatores para levarem o dólar a cair ainda mais em relação ao nível atual, segundo disse o estrategista-chefe de câmbio da Unicredit no programa Squawk Box, da CNBC, nesta terça-feira (24). A divisa norte-americana está próxima de seu menor patamar em seis semanas puxada pelo comentário do secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, sobre potenciais impactos de curto prazo para a economia do país por conta de um “dólar excessivamente forte”.

Estas declarações são apenas um fator para sugerir que o dólar está caminhando para perder mais terreno nos próximos meses, disse Vasileios Gkionakis, da Unicredit. “Eu acho que [a moeda] está bastante sobrevalorizada em relação a onde os diferenciais de juro real sugeriam que ela iria”, disse Gkionakis, acrescentando que a apreciação de 30% do dólar entre julho de 2014 até o final de 2016 demonstrou que já há muito otimismo no preço.

Além disso, ele acredita que os mercados interpretaram mal o provável efeito dos estímulos por conta das medidas de Donald Trump. “Não estou inteiramente certo de que a primeira reação do mercado ao anúncio das políticas do Trump foi totalmente sensata e digo isso porque ouvimos falar de grandes despesas de infraestrutura que pode colocar pressão sobre a inflação, mas não necessariamente aumentar a produtividade”, afirma Gkionakis.

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Dado que os EUA estão atualmente operando perto da capacidade plena e do pleno emprego, um estímulo fiscal de grande porte, ainda que curto prazo, que não aborda questões estruturais, afetará taxas nominais e não reais, disse o estrategista.

“A inflação no médio prazo é realmente um negativo para a taxa de câmbio e agora você tem a nova administração tentando falar que a taxa de câmbio deve cair, então parece que estamos próximos do que parece ser uma tempestade perfeita para o dólar no próximo ano ou algo assim”, explicou.

Gkionakis fala também em um potencial de investimento no iene, que segundo ele poderia ser um beneficiário do aumento da incerteza política e consequente volatilidade. Além disso, ele também falou sobre uma alta das moedas ligadas a commodities, caso do dólar australiano e canadense, além do real aqui no Brasil.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.