Guararapes (GUAR3): financeira “rouba a cena” e ação da dona da Riachuelo salta mais de 15%

Melhora na qualidade de crédito e nos ganhos de eficiência na divisão impulsionou o Ebitda da Midway e faz papel disparar

Lara Rizério

(Divulgação)

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A Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, rouba a cena na sessão desta quinta-feira (7) e chega a saltar mais de 16% após a divulgação do resultado do quarto trimestre, com um saldo de 124,7% do lucro líquido, para R$ 229,76 milhões. A receita líquida consolidada, por sua vez, subiu 5,4% no 4T23 na base anual, indo para R$ 2,729 bilhões. Às 12h15 (horário de Brasília), o papel GUAR3 avançava 16,19%, a R$ 16,19 e encerrou o pregão com alta de 11,54%, a R$ 6,96.

No geral, os resultados ficaram amplamente alinhados com as projeções para a divisão varejo, com melhoria contínua e gradual na produtividade e melhores tendências de margem bruta.

O principal destaque ficou com o número muito acima do esperado na divisão de serviços financeiros Midway, com um lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 124 milhões. O número ficou quase 5 vezes acima da previsão do Itaú BBA, impulsionado por uma melhora na qualidade de crédito e nos ganhos de eficiência na divisão. Isso contribuiu para que o lucro líquido ficasse 25% acima das suas expectativas e levou a uma projeção de forte reação positiva ao resultado.

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A Genial ressalta ainda que a vertical de serviços financeiros consolidou uma receita bruta de R$ 630m (+4,3% ano a ano), impulsionada pelo ajuste de precificação e por uma maior penetração de produtos com juros.

A PDD (provisão para devedores duvidosos) das operações de crédito e empréstimo pessoal apresentou uma desaceleração tanto anual (-10,6%), quanto sequencial (-9,8%). “Entendemos que essa queda pode ser atribuída ao posicionamento mais conservador adotado ao longo do ano, levando a novas safras mais saudáveis e reduzindo o risco do portfólio”, avaliam os analistas.

A Midway foi uma das primeiras financeiras (de varejo) a ter uma maior cautela na concessão de crédito frente a deterioração do nível de endividamento das famílias, reforça o time de análise, o que resultou em safras mais saudáveis e permitiu a redução das despesas com provisionamento – que ainda pressionam o resultado de outras empresas.

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Adicionalmente, como resultado dos esforços de controle de gastos que vem sendo implementado, houve uma redução de 13,8% ano a ano das despesas operacionais da vertical. A carteira de crédito chegou a R$ 5,5 bilhões ao final do trimestre, contraindo 7,3% frente o 4T22 – em linha com o posicionamento mais conservador que a companhia tem adotado na concessão de crédito.

Como reflexo da melhoria na qualidade das novas safras, a Midway Financeira reportou uma melhora sequencial nos indicadores de inadimplência, apresentando queda tanto na inadimplência curta (-80 pontos-base frente o 3T23), quanto na visão acima de 90 dias (-50 pontos-base na comparação com o 3T23).

Com relação a outros números, a XP ressalta que as vendas líquidas consolidadas cresceram 5% nos últimos doze meses, com um fraco desempenho de SSS (vendas mesmas lojas) no varejo (+4,7% nos últimos doze meses), devido ao aumento das taxas de ruptura na sequência da implementação de um novo ERP.

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Em linha com as expectativas da Genial, a receita bruta de mercadorias avançou 4,6% ano a ano, para R$ 2,1 bilhões. A desaceleração sequencial (crescimento de 11,4% na base anual no 3T23) foi impulsionada por uma atividade promocional mais normalizada, decorrente de um período com menores remarcações e uma menor oferta de produtos nas lojas por ajustes na fábrica.

A Riachuelo, responsável por 95% da receita de mercadorias, trouxe um crescimento mais brando (+4,6% na base anual; -1,4% abaixo da projeção Genial) que as demais marcas, fruto do ajuste de portfólio e fechamento de uma loja. Já a Carter’s, principal foco de expansão do ano de 2023 (+14 unidades), foi o destaque de crescimento, com uma expansão ano contra ano de 35,8%. Enquanto isso, a Casa Riachuelo surpreendeu positivamente em 13,9% ante a estimativa Genial, crescendo sua receita em 19,2% ano a ano.

A Genial também questiona se o movimento é de sazonalidade ou de reversão de tendência e mantém uma postura cautelosa, monitorando se os ganhos consolidados neste trimestre se manterão daqui em diante. A casa segue com uma recomendação neutra para o papel. Na mesma linha, o Bradesco BBI manteve visão neutra devido ao múltiplo de preço sobre lucro esticado, ainda que elevando o preço-alvo de R$ 6 para R$ 7 ao ajustar suas estimativas para cima em cerca de 3% a 4% no Ebitda (principalmente em serviços financeiros). De três casas que cobrem o papel, segundo compilação LSEG, todos possuem recomendação neutra para os ativos.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.