Soma (SOMA3) destaca rentabilidade e cita disciplina para “aproveitar oportunidades”; ação fecha longe das máximas, mas sobe 6,5%

Empresa não descarta a realização de fusões e aquisições a partir de 2025, quando o ciclo mudar, aproveitando "desestabilidade"

Vitor Azevedo

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Desde os resultados do segundo trimestre deste ano, divulgados na noite de 9 de agosto, até o fechamento da véspera, dia em que foram revelados os números do terceiro trimestre, as ações do Grupo Soma (SOMA3) haviam caído 46%.

Até por isso, a reação aos resultados divulgados na véspera pode ser uma espécie de “redenção” aos ativos, com a visão de números acima do esperado (ainda que com alguns pontos desafiadores) levando as ações a subirem até 14,63%, a R$ 6,66, na máxima do dia. Contudo, ao longo do dia, os ganhos foram diminuindo, com as ações fechando em alta de 6,54%, a R$ 6,19.

Em teleconferência realizada hoje, os executivos da varejista de moda apontaram que os ganhos destacados por analistas em relatórios comentando o balanço são por conta da estratégia atual, com a empresa não tentando “navegar em ventos contrários”.

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“Estamos há algum tempo segurando o G&A (despesas gerais e administrativas, na sigla em inglês) dentro de onde podemos. Todos os diretores estão olhando para suas estruturas com esse olhar, de revisão”, falou Gabriel Silva Lobo Leite, diretor financeiro (CFO) do Grupo Soma.

“Já ano que vem será um ano de captura. Vemos uma queda de 1,5% desses gastos em 2024. Isso deve trazer impacto positivo para o nosso Ebitda [Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] e para o nosso caixa”, disse. “A partir de 2025 poderemos, então, ter espaços para expansões inorgânicas e fusões e aquisições”.

Roberto Jatahy Gonçalves, CEO da companhia, completou que é necessário entender os ciclos do Brasil.

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“Quando o vento está contra, a melhor jogada é ser disciplinado e gerar caixa. Quando o mercado voltar, debilitado, teremos uma boa posição para aproveitar”, expôs. “Nosso jogo neste momento é de geração de caixa, ajuste de caixa e de trazer SG&A para baixo. Desmontamos algumas estratégias para ter disciplina em geração de caixa e assim vamos seguir em 2024”.

Como já mencionado, a disciplina da empresa foi algo destacado pelos especialistas que analisaram o balanço.

A equipe da XP, liderada por Danniela Eiger, por exemplo, apontou que o Grupo Soma reportou resultados melhores que o esperado no terceiro trimestre. Apesar do desempenho de receita e margem bruta em linha com as suas projeções, o Ebitda e o lucro líquido vieram acima do que a corretora esperava, “devido a menores despesas com SG&A, resultados financeiros e despesas com impostos”.

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O time do Itaú BBA foi na mesma linha, destacando que a varejista teve rentabilidade ligeiramente melhor do que suas expectativas. O Bradesco BBI falou que o Grupo reportou números  acima das expectativas consideravelmente baixas do consenso e antecipou que isso poderia se refletir no preço da ação.

Grupo Soma ainda vê capturas a serem feitas e explica de mudanças

Fora a questão da rentabilidade, outros temas foram abordados pelos executivos do Grupo Soma na teleconferência desta quinta.

Entre os destaques do encontrou ficou uma mudança que acontecerá Farm, a ser apresentada no próximo ano e com o foco em manter a marca atual.

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“Estamos otimistas com a Farm em 2024 e estamos com uma alavanca criativa, evoluindo. Não é nada revolucionário, mas estamos trabalhando para manter a marca atraente, para manter o desejo”, falou o CEO.

“Estamos fazendo vários testes, com estampas, tecidos e por aí vai. Parte das iniciativas são bem absorvidas, outras não. Isso precisa ser feito. Fizemos isso em 2011, 2017 e, agora, em 2023. É o comportamento saudável de uma marca. Não vamos mudar a estética, são ajustes finos e novas propostas de produtos. Não é uma revolução e sim uma oxigenação”, explicou.

Outro destaque foi a tentativa de reposicionamento da Hering como uma marca de desejo – o que vem gerando divergência entre as lojas de franqueados e as unidades próprias do Grupo Soma

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“A Hering tem uma tradição grande de ser focado no preço menor, mas estamos buscando uma agenda de desejo de mercado. Isso gera preços maiores, o que traz, sim, desconforto para os franqueados”, contextualizou o CEO.

Para Jatahy, o descasamento de performance entre lojas próprias e franqueadas se dá porque as franquias não estão buscando esses produtos de desejo para esses estoques, mas isso seria algo positivo. De acordo com ele, o gap dá a possibilidade de o Grupo Soma testar a recepção do novo conceito em suas lojas antes de passá-lo aos seus franqueados.

“Vamos evangelizar os franqueados para trazê-los para esses prodtuos. Alguns, que têm estrutura de capital mais frágil, podemos dar incentivo para testar as novas características”, comentou o diretor executivo.

Por fim, os diretores falaram do que esperam para a reforma tributária, aprovada ontem no Senado. A expectativa é que as mudanças fiquem mais no longo prazo.

“Ela veio faseada para que as empresas consigam reestruturar seus modelos de negócio. Provavelmente vamos importar mais do que fabricar no Brasil. É um impacto em source. Deve ter uma mudança no nosso modelo de negócio”, disse o CEO. “Mas ainda é cedo. Temos oito anos. Não sabemos como serão as alíquotas. A  questão é que já sobrevivemos a outras mudanças. Não temos medo”.