Grendene (GRND3) tem lucro líquido de R$ 202,6 milhões no quarto trimestre de 2022, queda de 12% 

Dona da Ipanema e da Melissa enfrentou problema de repasse de custos diante de cenário mais apertado para o consumo 

Rikardy Tooge

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A Grendene (GRND3), dona das marcas Melissa, Rider e Ipanema, reportou nesta quinta-feira (2) lucro líquido de R$ 202,6 milhões no quarto trimestre de 2022, com queda de 12,1% em relação a igual período do exercício anterior, quando a companhia de calçados lucrou R$ 230,6 milhões.

Alceu Albuquerque, diretor de relações com os investidores da Grendene, lembrou que todas as empresas de consumo tiveram um ano difícil para gerir margem, em especial pela dificuldade de repasse de preços diante de consumidores com alto nível de endividamento.

“Mesmo assim, conseguimos obter um valor médio por par 16% maior, o que mostra que vendemos mais produtos de valor agregado”, afirmou Albuquerque ao InfoMoney. O resultado ajudou a compensar a queda no volume total negociado, que recuou 14,9% na comparação com o quarto trimestre de 2021.

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No trimestre encerrado em dezembro de 2022, a Grendene obteve R$ 763,7 milhões em receita líquida, ante R$ 789,8 milhões do exercício anterior, uma queda de 3,3%. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) foi 23,5% menor, alcançando R$ 149,2 milhões.

Apesar de quarto trimestre ser sazonalmente um dos melhores para empresa, Albuquerque destaca que muitos varejistas optaram pela estratégia de diminuir o tempo de estoque das lojas, o que acabou afetando as vendas da empresa e tornando o custo de mão de obra mais pesado no balanço.

“Muitos lojistas diminuíram em 30 dias seu tempo de estoque. É como se disséssemos que nosso ano teve 11 meses”, disse o executivo, que apontou movimento parecido nas vendas externas. “Nossa operação internacional também sofreu com os lojistas jogando o risco de estoque para nós”.

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No ano, a Grendene registrou lucro líquido de R$ 568 milhões, queda de 5,5% em relação a 2021 (R$ 601 milhões). A receita líquida somou R$ 3,1 bilhões (+9,6%), com Ebitda de R$ 332,9 milhões, com queda anual de 31,3%.

Para 2023, a incerteza política no Brasil e a tendência de um cenário recessivo no exterior devem dar o tom do primeiro semestre da Grendene. Para a segunda metade do ano, em conjunto com os trimestres mais fortes da empresa, a expectativa é de que o consumo volte a andar, ao menos no mercado interno.

“Este governo privilegia o consumo das classes mais baixas, o que favorece o nosso produto. Também esperamos uma recomposição dos estoques dos varejistas, fazendo com que nosso ano possa ter ‘13 meses’ [por conta do recuo de 2022]”, conclui o executivo.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br