Grécia alerta para desastre humanitário se ficar isolada

“A Grécia não se tornará o Líbano da Europa, um armazém de almas”, afirmou Ioannis Mouzalas, ministro grego para migração

Bloomberg

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(Bloomberg) – A Grécia luta para escapar de seu crescente isolamento na crise de refugiados da Europa, alertando para um desastre humanitário no seu território, a menos que os migrantes tenham autorização para ir para o norte.

Representantes do governo grego denunciaram um grupo liderado pela Áustria por impedirem o trânsito de refugiados na fronteira norte da Grécia e exigiram a aplicação dos planos realocar as pessoas em toda a União Europeia que nunca saíram do papel.

“A Grécia não se tornará o Líbano da Europa, um armazém de almas”, afirmou Ioannis Mouzalas, ministro grego para migração, a repórteres em Bruxelas na quinta-feira antes de uma reunião da UE sobre a crise. Ele ameaçou “ações unilaterais” para defender a Grécia.

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A emergência de refugiados criou uma aliança improvável entre a Grécia e a Alemanha, ambos agarrados à esperança de uma solução europeia coordenada com a ajuda da Turquia e enfrentando a facção liderada pela Áustria que está fechando as rotas em direção aos Alpes por conta própria.

Cerca de 98.000 refugiados cruzaram o mar da Turquia para a Grécia até agora este ano, depois de 857.000 em 2015. A Grécia está pressionada a registrar, tirar impressões digitais e abrigá-los com a promessa de que os refugiados elegíveis serão, posteriormente, enviados para o norte da Europa e os inelegíveis serão enviados para casa.

Proteger as fronteiras
“A Grécia sempre afirma que não é possível controlar a fronteira externa grega, e se a Grécia não é capaz, isso fornece o melhor argumento para que outros atuem, supervisionando e protegendo as fronteiras em outros lugares”, disse a ministra do Interior austríaca, Johanna Mikl-Leitner.

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A Áustria organizou uma reunião na quarta-feira de representantes dos países dos Balcãs ocidentais, com o objetivo de construir uma linha de defesa na fronteira entre a Macedônia e a Grécia. O efeito, disseram representantes gregos, seria transformar a Grécia numa zona de despejo de refugiados.

A disputa europeia deve atingir um ponto alto na cúpula em 7 de março, que vai tentar convencer a Turquia a cuidar dos refugiados em seu solo e dispersar alguns pela Europa dentro de um processo de triagem ordenada.

“O projeto da União Europeia está desmoronando pelas beiradas e a coesão está dando lugar a soluções de interesses individuais e nacionais”, disse em uma entrevista à TV Bloomberg o diretor de créditos soberanos da Standard Poor’s, Moritz Kraemer. “Na crise da zona do euro, ainda dava para chutar a lata pela estrada”, usando empréstimos-ponte para ganhar tempo. “A crise de refugiados na verdade é muito mais imediata, porque essas pessoas estão paradas na nossa porta e é necessário tomar uma decisão agora”.

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Missão da OTAN
Houve progressos na frente da Turquia na quarta-feira, com o lançamento oficial de uma missão naval da Organização do Tratado do Atlântico Norte para patrulhar as rotas marítimas entre a Turquia e a Grécia. A OTAN vai se concentrar na vigilância, permitindo que a guarda-costeira turca e grega ataquem as redes de contrabando de pessoas.

A Alemanha está contando com a missão da OTAN e um acordo UE-Turquia para deter o fluxo de pessoas para a Grécia, mas vai repensar sua política na ausência de uma “redução substancial” em tempo para a cúpula do próximo mês, disse o ministro do Interior Thomas de Maizière.

“Se as medidas nacionais ganharem, isso vai prejudicar todo mundo”, disse De Maizière.

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Ele afirmou isso quando o parlamento alemão apoiou regras de asilo mais restritivas impulsionadas pela chanceler Angela Merkel, incluindo medidas para acelerar o processamento de pedidos de asilo, acelerar a expulsão daqueles que não se qualificam e restringir reuniões familiares para alguns refugiados.

Ataque de Orban
Um dos principais detratores da Alemanha, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orban, mais uma vez repreendeu os esforços alemães a um compromisso sobre os refugiados. Em entrevista ao tabloide alemão Bild, Orban criticou as atividades “rudes, ásperas, agressivas” da Alemanha no debate sobre refugiados da UE.

Orban, um dos principais porta-vozes da política de fechar as fronteiras, procurou reforçar a sua posição doméstica na quarta-feira, ao anunciar um referendo na Hungria para apoiar sua oposição às cotas de refugiados da UE.

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Os ministros da UE na quinta-feira também devem aprovar planos para controle integral do passaporte de todos os viajantes – não apenas os não-europeus – nas fronteiras externas do bloco. Propostas para uma futura guarda costeira da UE também serão discutidas.

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