GPA (PCAR3) dá novo passo para cisão do Éxito e ação salta 8,7%; foco é resgatar marca Pão de Açúcar

Analistas veem possibilidade de companhia destravar valor; grupo quer consolidar a operação brasileira, destacou CEO em tele para o mercado

Felipe Moreira Augusto Diniz

(Divulgação)

Publicidade

O Conselho de Administração do GPA (PCAR3), dono da bandeira varejista Pão de Açúcar, aprovou ontem (9) a proposta de redução do seu capital social mediante entrega de ações do Éxito aos seus acionistas, bem como proposta de aumento de capital com a capitalização de reservas, sem a emissão de novas ações.

As ações PCAR3 foram destaque de alta do Ibovespa na sessão desta terça-feira (10), com ganhos de 8,76%, a R$ 18,37, com analistas destacando a possibilidade de destravar valor e em um dia positivo para o setor de varejo como um todo.

A proposta de redução de capital aprovada foi no valor de R$ 7,133 bilhões, mediante a entrega de 1 bilhão de ações ordinárias do Éxito aos acionistas do GPA, resultando numa proporção de 4 ações do Éxito para cada ação do GPA.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

As ações do Éxito que serão entregues aos acionistas de PCAR3 são correspondentes a 86,3% da participação do GPA no capital social do Éxito (excluídas as ações em tesouraria) e 52,7% do patrimônio líquido total reportado no 3T22.

Após a conclusão, o grupo Casino deterá 47% do capital social do Éxito (incluindo a participação de 13% que será mantida pelo GPA), sendo 53% detido pelos demais acionistas. A companhia ainda indicou que no futuro poderá acontecer uma possível monetização da participação remanescente do GPA no Éxito, após melhores níveis de preços e condições de mercado convenientes.

Por se tratar de ações emitidas por emissor estrangeiro, as ações do Éxito serão distribuídas na forma de BDRs e ADRs. Pelo cronograma, após a AGE 14 de janeiro, 60 dias serão dados para que credores do GPA se manifestem, caso queiram. Em seguida, o programa de BRD passará pelo crivo da B3, e o de ADR pela bolsa americana. A previsão é distribuição das ações da Éxito a partir de abril.

Continua depois da publicidade

“O GPA vem passando por um processo de reestruturação das operações, e a venda de parte de sua participação na varejista colombiana Éxito deve contribuir tanto para um ajuste no valor de ambas as companhias quanto em seu plano de expansão”, comentou a Levante Investimentos, em relatório.

Desde o ano passado, o GPA vem realizando operações na tentativa de gerar valor para seus acionistas, como a cisão do Assaí (ASAI3), a venda da operação de hipermercados, a alienação de uma pequena fatia de participação no Éxito no primeiro semestre do ano passado e a separação do Éxito.

Nesse contexto, analistas do Credit Suisse avaliam a proposta em si como neutra para as ações da varejista. O GPA pretende aumentar o capital social por meio da incorporação de reservas, “caso contrário não haveria capital suficiente para distribuir as ações da Éxito aos seus acionistas”, ressaltam analistas. “Essencialmente, o GPA não possui reservas suficientes para distribuir as ações da Éxito via dividendos, optando por fazê-lo via redução de capital.”

Continua depois da publicidade

Após a transação, o GPA terá R$ 1,3 bilhão remanescente em capital e R$ 6,1 bilhões em reservas a partir do 3T22. O Credit aponta ainda que o GPA está agora a um passo de concluir seu spin-off (cisão) do Éxito.

A aprovação da operação ainda será votada em Assembleia Geral Extraordinária no dia 14 de fevereiro.

Para a Eleven, o movimento é positivo tanto para GPA, que fortalece sua estrutura de capital e destrava valor, quanto para o Éxito, que tem sua liquidez aumentada e sua gestão passa a ser independente.

Publicidade

“Ainda, quando analisamos o valor de mercado das companhias, vemos que ambas possuem um valor similar (R$ 4,5 bilhões para PCAR3 e R$ 4,8 bilhões para o Grupo Éxito), sendo que o GPA detém atualmente cerca de 97% do Éxito”, aponta a casa de análise.

“Essa distorção corrobora para a nossa visão de que a companhia negocia com um desconto significativo, e, dessa forma, reforçamos nossa recomendação de compra para PCAR3”, avalia a Eleven, que possui preço-alvo de R$ 28 para os ativos, um potencial de valorização de 60% frente o fechamento da véspera.

Resgate da marca Pão de Açúcar

Em teleconferência realizada na manhã desta terça para explicar operação, Marcelo Pimentel, CEO do GPA, afirmou que a segregação do Éxito tem foco em resgatar a marca Pão de Açúcar.

Continua depois da publicidade

“Nosso foco é exatamente na captura de retomada da relevância da bandeira Pão de Açúcar, da priorização dessa bandeira e da volta da relevância do contato com o nosso cliente”, disse ele a analistas de mercado. “Essa transação também nos permite consolidar foco do GPA na operação brasileira a qual nos estamos comprometidos”, acrescentou.

O CEO dividiu os esforços do GPA no Brasil no mercado premium, com as bandeiras Pão de Açúcar e Minuto Pão de Açúcar, e outra no mercado tradicional, com as unidades Extra, Compre Bem e Minimercado.

Guillaume Grass, CFO do GPA, disse que não há previsão de venda do restante das ações do Éxito pelo controlador, o Casino. “É um ativo valioso, com potencial de crescimento e rentabilidade, desempenho financeiro excepcional e uma estrutura financeira sólida. A posição do Casino é de acompanhar a criação de valor e ver qual o melhor momento para vender sua participação”, afirmou.

Publicidade

Com a segregação, a nova composição acionário do Éxito seria:  13,3% (GPA) 34,1% (Casino) e  52,6% de free float. O GPA tem atualmente participação no Éxito de 96,5%, sendo que serão distribuídos aos seus acionistas 86,3% do capital do grupo com sede na Colômbia, como já dito. A distribuição de ações tem valor de mercado de cerca de R$ 1 bilhão.

O CFO diz que a operação vai destravar tanto o valor da Éxito como GPA. “Separando os ativos, esperamos permitir o mercado precificar melhor as companhias”, disse. O executivo comparou a transação com o spin off do Assai em 2021, que acabou refletindo em valorização de ação de ambas companhias.

A AGE no dia 14 de fevereiro também analisará aumento do capital social do GPA no montante de R$ 2,6 bilhões, sem a emissão de novas ações. Após a transação, o GPA terá R$ 1,3 bilhão remanescente em capital e R$ 6,1 bilhões em reservas a partir do 3T22.