Gerdau (GGBR4) é nova favorita do BBI entre mineradoras e siderúrgicas, na frente de Vale (VALE3) e Usiminas (USIM5)

Visibilidade em remuneração de acionistas e em alocação de capital, bem como melhora na China e EUA, são fatores principais da escolha

Vitor Azevedo

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A Gerdau (GGBR4) é a nova favorita do Bradesco BBI no setor de mineração e siderurgia, na frente da Vale (VALE3), da Usiminas (USIM5) e da CSN (CSNA3) de acordo com relatório de análise publicado na noite da última quinta-feira (1).

De acordo com o time de analistas do banco brasileiro, chefiado por Thiago Lofiego, a reavaliação se deu após um primeiro semestre difícil. Nesta semana, o Credit Suisse tinha ido no mesmo caminho.

“Nosso cluster de cobertura do setor na América Latina teve um desempenho inferior ao MSCI LatAm em aproximadamente 15% desde o início de abril, principalmente porque a atividade econômica chinesa não atendeu às expectativas do mercado”, diz a equipe do BBI.

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A China vem frustrando investidores e especialistas em meio ao seu caminho de recuperação, após a reabertura que se deu com o fim da política de Covid Zero. Isso pesa na demanda, no sentimento do mercado e nos preços das commodities. O preço do minério de ferro, por exemplo, era negociado a cerca de US$ 105,5 hoje, ante US$ 120 em dezembro do ano passado.

“Mantivemos uma postura positiva (embora mais seletiva) em relação ao setor, pois vimos estímulos relevantes e reabertura como construtivos ao consumo de metais, mas falhamos em prever os recentes atrasos na trajetória de recuperação chinesa”, justificam. “Olhando para o futuro, no entanto, continuamos a pensar que o núcleo da tese é sólido. O governo chinês por exemplo, ainda deseja estabilizar o crescimento em níveis saudáveis, com mais estímulos”, complementam.

Apesar de o setor imobiliário, por lá, ainda estar fraco, eles esperam que, além dos estímulos, fatores como a manutenção dos estoques e a indústria automotiva (principalmente de carros elétricos) puxem a demanda de aço e minério.

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“Aproveitamos a oportunidade para mudar nossa preferência para siderúrgicas frente a mineradoras, já que a combinação da melhora na demanda por aço nos próximos trimestres e a produção de aço chinesa mais restrita no 2S23 [segundo semestre de 2023] deve ajudar a aumentar os preços”, falam. “Preferimos nos ater a nomes nos quais ter uma visibilidade mais clara em termos de remuneração aos acionistas e alocação de capital.”

A China limitou o funcionamento das suas metalúrgicas, de olho na poluição, e o BBI vê a produção de aço caindo 7% na base anual, reduzindo a oferta.

Enquanto as perspectivas para o aço são um pouco otimistas, para o minério elas são mais de estabilidade dos preços, sem grandes espaços para recuos ou altas.

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A Gerdau, nova favorita do banco, se beneficia disso – bem como de fatores como os estímulos nos Estados Unidos, em meio ao plano de infraestrutura de Joe Biden, e a produção e preços estáveis no Brasil. O BBI tem recomendação outperform (acima da média do mercado, equivalente à compra) para a metalúrgica, com preço-alvo em R$ 34 (potencial de alta de 39% frente ao fechamento de ontem).

“Nos EUA, um spread do metal acima da média ainda deve ser a norma em 2023 e 2024, já que a demanda por construção não residencial, com infraestrutura e setores industriais, permanecem relativamente sólidos”, avaliam. “No Brasil, os embarques de aços longos da Gerdau devem permanecer estáveis em 2023, após queda de cerca de 20% em 2022, já que esperamos uma desaceleração da construção no varejo parcialmente compensado por uma carteira ainda saudável de projetos imobiliários”.

Fora isso, a companhia também é a favorita por oferecer visibilidade no que tange ao fluxo de caixa, remuneração de acionistas e investimentos.

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Na Vale, o BBI menciona que, embora não veja uma grande recuperação no minério de ferro, mantém sua classificação outperform – com preço-alvo em R$ 92 (upside de 41%) – devido à resiliência esperada nos preços do ferro, combinada com a melhoria do desempenho operacional do primeiro trimestre e um remuneração ainda saudável dos acionista.

“Nós gostamos da Vale nos níveis atuais de valuation, no entanto, a empresa não deve ter uma grande recuperação no minério de ferro”, dizem.

A percepção sobre a Usiminas, também outperform e com preço-alvo em R$ 10 (upside de 40%), é parecida. A tímida recuperação da indústria automotiva, com previsão de alta de 2% em 2023, deve compensar os preços cobrados menores, em meio a contratos já fixados. O recuo dos preços do coque e do carvão devem continuar tirar pressão das margens.

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Para a CSN, por fim, o BBI está neutro e com preço-alvo em R$ 14 para (upside de 15%). Volumes mais fracos na siderurgia foram parcialmente compensados pela performance na frente de cimentos e mineração, mas a alavancagem é um problema.