Gasto em águas profundas da Petrobras gera rali de título de plataformas petrolíferas

Notas, apesar de liquidez escassa, já chegaram a subir 45% desde novembro de 2022, com estatal voltando a investir

Bloomberg

Petrobras. Navio-sonda Valaris DS-17 ancorado para manutenção na Baía de Guanabara (RJ). A Equinor ASA Brasil concedeu à Valaris para seus campos de exploração de petróleo em águas ultraprofundas. Fotógrafo: Dado Galdieri/Bloomberg

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Os detentores de títulos da Constellation Oil Services Holding SA estão colhendo uma bonança devido à crescente demanda por suas plataformas offshore da Petrobras (PETR4), uma recuperação notável para um negócio que saiu de uma reestruturação de dívidas há menos de dois anos.

Embora o grupo de detentores seja pequeno e a liquidez seja escassa, as notas com vencimento em 2026 saltaram cerca de 25 centavos desde novembro de 2022, proporcionando aos investidores um retorno total de cerca de 45%, em comparação com uma média de 16% para corporações de mercados emergentes durante esse período, segundo uma medida da Bloomberg.

A Constellation saiu da proteção contra falência no Brasil em junho de 2022, quase quatro anos após solicitar a reestruturação de cerca de US$ 1,8 bilhão em dívidas. Agora, com capital fresco dos detentores de títulos, menos de US$ 900 milhões em dívidas no final de 2023 e sua frota local de sete plataformas totalmente contratada, a empresa espera que as taxas diárias que cobra por seu equipamento aumentem graças à forte demanda, disse o CEO Rodrigo Ribeiro em uma entrevista.

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“O Brasil é o melhor lugar do mundo para operações de perfuração offshore”, afirmou ele. “Uma grande parte de nossos contratos será reajustada em 2025, e isso oferece um grande potencial de valorização.”

A Petrobras espera precisar de 280 novos poços até 2028, além de reformar ou selar outros 700 poços, informou em resposta por e-mail a perguntas. A empresa disse que o mercado para taxas diárias é dinâmico e que revisará os preços ao contratar novas plataformas. No ano passado, a empresa estatal aumentou os gastos planejados em seu último plano quinquenal em 31%, para US$ 102 bilhões.

Os preços médios de aluguel para os navios-sonda mais novos e mais avançados, que podem perfurar poços em águas com mais de dois milhas de profundidade, subiram 77% nos últimos 12 meses para quase US$ 500 mil por dia em março, segundo a Evercore ISI. Ribeiro recusou-se a divulgar as taxas diárias atuais para a frota da Constellation.

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Virada


É um contraste marcante em relação a seis anos atrás, quando a Petrobras estatal estava cortando gastos e dívidas após um escândalo de corrupção. Naquela época, os baixos preços do petróleo prejudicaram a demanda por plataformas de perfuração e enviaram as taxas de aluguel para baixo. A Constellation, anteriormente conhecida como QGOG, deixou de pagar títulos e começou a negociar com credores, um processo que levou muitos detentores de títulos a assumirem participações acionárias em 2022.

A recente especulação sobre se o governo substituirá o CEO da Petrobras não colocou em dúvida o plano de investimentos da Constellation. Se algo, o Brasil está ansioso para que a gigante do petróleo invista ainda mais para ajudar a reviver sua indústria naval e impulsionar o crescimento.

As empresas de perfuração “estão muito ocupadas aqui no Brasil, não apenas com investimentos da Petrobras, mas também de empresas juniores”, disse Fabiana Gobbi, analista de crédito na S&P Global Ratings, em uma entrevista. “O governo tem sido muito vocal em querer que a Petrobras continue.”

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Desde o último declínio do petróleo, o número de plataformas de perfuração ao redor do mundo diminuiu, pois muitas unidades mais antigas foram descartadas, e poucos fornecedores estão dispostos a gastar US$ 1 bilhão em plataformas de águas profundas que levam três anos para construir, disse Ribeiro.

A Constellation se beneficiou disso, com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — uma medida chave de rentabilidade — disparando 176% em 2023 para US$ 185 milhões. Ribeiro disse que espera que ele suba para cerca de US$ 500 milhões 2026. A carteira de contratos da Constellation vale US$ 1,5 bilhão, disse ele.

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A Constellation detém 25% da participação de mercado para plataformas offshore no Brasil e espera que a demanda continue crescendo. Até o final do ano, a empresa espera que mais cinco plataformas iniciem operações, elevando o total para 35, disse Ribeiro.

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A Petrobras está adicionando 14 unidades de produção offshore entre 2025 e 2028, e cada uma dessas embarcações precisará de fornecedores de plataformas como a Constellation para perfurar entre 12 e 15 poços para extrair petróleo do subsolo marinho.

“A programação da Petrobras para contratos de FPSO significa demanda garantida para empresas de perfuração no Brasil”, disse Ribeiro. “Isso dá conforto aos investidores em uma empresa como a nossa, com uma grande presença no Brasil.”

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