Fim da queda do dólar? Moeda enfrenta 2 desafios que podem levar preço para R$ 3,50

Equipe do HSBC vê dois fatores trazendo um piso para o dólar no atual nível e que pode elevar o risco de alta para os próximos meses

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO  – O último mês foi bastante intenso no câmbio, seja pelas boas notícias políticas no Brasil quanto pelo conturbado cenário externo com Brexit, tentativa de golpe na Turquia e dados nos Estados Unidos. Com isso, o real ganhou força e hoje já encosta em um patamar de R$ 3,20 contra o dólar. Mas até onde essa valorização seguirá? Há quem veja o dólar ainda mais baixo este ano, mas não é o caso do HSBC.

Em relatório divulgado na última terça-feira (19), os analistas do banco, Clyde Wardle e Daragh Maher, afirmaram que o real agora enfrenta dois grandes desafios (um velho e outro novo), sugerindo que o entusiasmo do mercado vai desaparecer para, em seguida, inverter a tendência.

O primeiro problema está nos leilões de swap reverso do Banco Central. O HSBC lembra que a autoridade monetária, agora sob comando de Ilan Goldfajn, indicou no início de julho que quer reduzir suas posições de US$ 60 bilhões, até agora em um ritmo de US$ 500 milhões por dia. “Se esse ritmo for mantido, isso significaria a compra de dólar neste ritmo durante os próximos seis meses, o que acreditamos que vai ajudar a colocar um piso no câmbio”, explicam os analistas.

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Enquanto isso, o mercado passa a ter um novo desafio agora com os riscos de futuros problemas fiscais. Segundo os analistas, o câmbio não precifica mais a fragilidade fiscal do país com os investidores mais otimistas de que a “equipe dos sonhos” de Michel Temer será capaz de conquistar o que é necessário para realizar as reformas.

“Mas, como qualquer fã de esportes sabe, uma equipe dos sonhos ainda precisa produzir resultados”, dizem lembrando que o mercado não está mais precificando a possibilidade de más notícias, o que aumenta o risco de decepções no futuro com a chance de atraso nas reformas fiscais. Com isso, segundo eles, “a paciência e tolerância do mercado podem desaparecer”. Diante deste cenário, o HSBC mantém a projeção de dólar a R$ 3,50 no fim do ano.

Para a dupla do banco, o cenário positivo global e a provável conclusão do processo de impeachment permitirá que o real tenha algum apoio no curto prazo. Além disso, existe a chance de negócios de aquisição também agitarem o mercado cambial com a entrada de grandes fluxos por aqui. Por outro lado, as intervenções do Banco Central provavelmente irão dar um piso ao dólar e mantê-lo relativamente estável.

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“O desafio para o final do ano virá do progresso na política fiscal. Nós mantemos uma visão cautelosa de médio prazo e vemos riscos de desapontamento na frente política, dadas as expectativas de mercado atuais para medidas fortes”, concluem os analistas.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.