HYPE3: ação pode estender perdas mesmo após recuar 25% em seis pregões

Gráfico tem respeitado projeções de Fibonacci e, caso isso se mantenha, ação da Hypermarcas pode chegar aos R$ 14,30

Thiago Salomão

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SÃO PAULO – Após subirem 200% em 2009 e mais 12,65% em 2010, as ações da Hypermarcas (HYPE3) têm enfrentado um 2011 conturbado, cenário  que se agravou a partir do dia 9 de maio, quando a empresa divulgou um balanço trimestral decepcionante aos olhos dos analistas. A consequência disso foi vista no pregão daquele dia, com os papéis HYPE3 registrando queda de mais de 10%.

Os dias se passaram e as interpretações negativas acerca da companhia só aumentaram – a principal crítica girava em torno da mudança na política comercial da companhia, avaliada pela equipe de analistas do HSBC como “um erro” – provocando uma onda de cortes de recomendações e preços-alvos por boa parte das casas de research que cobrem a empresa. As ações acompanharam esse pessimismo e, consolidando o momentum negativo atual, acumularam na semana uma desvalorização de 21,5% – de longe a maior queda do Ibovespa no período.

Se alguém pensava que os papéis da Hypermarcas já tinham recuado demais e que podiam apresentar um movimento de correção nessa semana, esse alguém deve ter tomado um susto na última segunda-feira (16), já que esses ativos voltaram a liderar a ponta negativa do índice paulista, registrando queda de 4,34%. Dessa forma, considerando a cotação de fechamento do pregão anterior à divulgação de resultados (R$ 20,26) e o último fechamento (R$ 15,21), a ação HYPE3 acumula uma perda de 24,93% nesses seis pregões.

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HYPE3 nos últimos anos
2009 +200,30%
2010 +12,65%
2011* -32,10%
*Até o fechamento da última segunda-feira (16)

Mesmo depois dessa sequência de quedas – com baixa de 32,1% até a última segunda-feira, a ação da Hypermarcas apresentava o pior desempenho anual dentre os papéis que fazem parte do Ibovespa -, ainda há espaço para novas desvalorizações do ativo? Se a avaliação for feita com base em alguns fundamentos da análise técnica, a conclusão é que essa tendência negativa pode sim ser ampliada nos próximos pregões.

Fibonacci aponta novas quedas
Um dos preceitos da análise técnica que ajudam a alimentar a expectativa de novas quedas para as ações HYPE3 está baseado nas projeções de Fibonacci. Em outubro de 2008 – quando o papel alcançou a região dos R$ 4,50 -, a ação iniciou um movimento de valorização, que atingiu seu topo 24 meses depois, chegando à marca de R$ 30,06 – preço alcançado no intraday do dia 13 de outubro de 2010. A valorização acumulada nesse período foi de 565%.

A teoria de Fibonacci é muito utilizada para traçar os suportes e resistências previstos em uma reversão de tendência. E essa reversão, no caso da Hypermarcas, se consolidou a partir de novembro do ano passado, atingindo seu primeiro fundo em meados de novembro. Traçando o Fibonacci nesse primeiro fundo, vemos que o papel respeitou as projeções traçadas, corrigindo para a região localizada entre as retrações de 38,2% e 50% – entre R$ 28,10 e R$ 27,45 -, voltando logo depois à sua trajetória declinante.

Rompendo esse novo suporte antes do final de 2010, a ação HYPE3 formou um novo fundo em R$ 17,59 no começo de fevereiro, sequenciado por uma nova correção, dessa vez mais fraca, ficando abaixo da retração de 61,8% – localizada em torno de R$ 22,40.

Após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2011, feita nesse começo de maio, os papéis da varejista romperam esse segundo suporte criado, caminhando firme e forte para a formação de um novo fundo – nos últimos 11 pregões, esses papéis fecharam em queda por 9 vezes. Projetando o Fibonacci sobre o fundo formado em outubro de 2008, o papel pode caminhar para o suporte localizado na região próxima de R$ 14,30 – seu menor patamar desde setembro de 2009.

Desempenho nessa terça-feira corrobora tendência
Acompanhando as projeções nada otimistas apontadas pelo seu gráfico diário, as ações da Hypermarcas registram queda em torno de 2,2% por volta das 15h00 (horário de Brasília) desta terça-feira, voltando a figurar entre as maiores desvalorizações do Ibovespa, estando cotada próximo dos R$ 14,87. Para alcançar os R$ 14,30 referentes à projeções de Fibonacci, o papel HYPE3 precisa recuar mais 3,7%.

Thiago Salomão

Idealizador e apresentador do canal Stock Pickers