Fed mantém juros e anuncia redução do balanço de US$ 4,5 tri; Yellen aponta “mistério” com fraqueza da inflação

Já as projeções de taxa de juros do Fed, conhecidas como gráfico de pontos, ainda sugerem uma alta de taxa de juros em dezembro e mais três altas em 2018

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O Federal Reserve manteve a taxa de juros entre 1% e 1,25%, mas deu novos sinais sobre a redução de balanços, aponta a minuta de decisão do Fomc (Federal Open Market Committee) desta quarta-feira (20). 

O Fed anunciou que, pela primeira vez em nove anos, começará a reduzir o tamanho de seu enorme balanço patrimonial. Em uma decisão unânime e amplamente antecipada, o Fed disse que começará a reduzir seu balanço de US$ 4,5 trilhões  em Treasuries e títulos lastreados em hipotecas em outubro, cortando inicialmente até US$ 10 bilhões a cada mês do volume de títulos a vencer que reinveste.

Já as projeções de taxa de juros do Fed, conhecidas como gráfico de pontos, ainda sugerem uma alta de taxa de juros em dezembro e mais três altas em 2018. O Fed reduziu a estimativa mediana das taxas de juros de 2019 de 2,9% para 2,7% e apontou que, num prazo mais longo, essa taxa atingirá 2,8% frente uma estimativa anterior de 3%.

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Além disso, vale ressaltar que uma das preocupações do mercado era com o impacto dos furacões que atingiram os EUA sobre a economia local. Segundo a autoridade monetária, as reconstruções e outras atividades relacionadas às tempestades não vão afetar a economia no curto prazo, mas que “experiências passadas sugerem que as tempestades não devem alterar materialmente o curso da economia nacional no médio prazo.” Assim, a expectativa é de que a expectativa cresça em um ritmo moderado e que as condições de trabalho se fortaleçam.

De acordo com a autoridade monetária, a expectativa é de que a alta dos preços da gasolina e de outros itens como efeito dos furacões pressione a inflação no curto prazo. No entanto, isolando esse efeito, a inflação acumulada em doze meses deve ficar abaixo de 2% no curto prazo. 

Discurso de Yellen

A chairwoman do Federal Reserve, Janet Yellen, discursa após a decisão do Fomc. Ao ser questionada pela razão do Fed não ter uma abordagem mais dovish, uma vez que a inflação ainda não está atingindo a meta de 2%, Yellen apontou para outro indicador: o emprego que, segundo ela, é um número muito importante para o Fed, ressaltando ainda melhorias no mercado de trabalho. Contudo, ressaltou que a autoridade monetária acompanha de perto os dados de inflação. 

“Reconheço ser importante que a inflação atinja a meta de 2% e essa é uma preocupação (…). Durante vários anos, houve razões muito compreensíveis para a baixa inflação, incluindo uma folga no mercado de trabalho, o que desapareceu em grande parte. Depois, houve grandes reduções dos preços da energia e uma grande apreciação do dólar que baixou os preços das importações a partir de meados de 2014. Neste ano, a inflação abaixo de 2%, quando nenhum desses fatores esta operando é ainda um mistério. Não vou dizer que o comitê compreenda claramente quais são as causas disso”, apontou. 

Ao falar sobre a alta dos preços de ativos, no momento em que as ações estão perto das máximas, a chairwoman do Fed destacou que os movimentos de alta de ações e preços de ativos podem refletir uma mudança nas estimativas dos participantes do mercado sobre o nível mais longo das taxas de juros. Assim, ela indicou que o mercado viu corretamente as perspectivas de uma taxa de juros mais baixa no longo prazo. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.