Facebook perde mais de US$ 100 bi de valor de mercado com “nova crise existencial” após balanço

Ontem à noite, a rede social informou seus resultados, destacando que não bateu as projeções dos analistas em relação ao crescimento e receita com usuários

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As ações do Facebook têm uma queda histórica de cerca de 20% após o balanço do segundo trimestre de 2018. Às 10h50 (horário de Brasília), os papéis tinham queda de 18,24%, a US$ 177,90 na Nasdaq, levando o índice para baixo. Com isso, a empresa registra uma perda de US$ 118,125 bilhões de valor de mercado. 

Ontem à noite, a rede social informou seus resultados, destacando que não bateu as projeções dos analistas em relação ao crescimento e receita com usuários. No after market, logo após a divulgação dos números, os papéis passaram a cair 10%, mas intensificaram as perdas com a teleconferência, onde o diretor financeiro David Wehner revelou que a gigante espera que a desaceleração da receita continue.

“Nossas taxas totais de crescimento de receita continuarão desacelerando no segundo semestre de 2018, e esperamos que nosso crescimento de receita diminua em percentuais de um dígito ante os trimestres anteriores, tanto no terceiro quanto no quarto trimestre”, afirmou. Wehner também disse que o Facebook espera que as despesas cresçam entre 50% e 60% em relação ao ano passado.

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A companhia começou a mostrar os primeiros sinais de impacto dos recentes escândalos de vazamento de dados, com a receita e o número de pessoas acessando o site diariamente ficando abaixo das expectativas. O Facebook teve 1,47 bilhão de usuários diários em junho, ante uma projeção de 1,48 bilhão dos analistas consultados pela Bloomberg. 

O ritmo de crescimento dos usuários teve queda, ficando 11% acima do ano passado, em comparação com 13% no trimestre anterior. Já o lucro líquido da companhia ficou em US$ 5,1 bilhões, ou US$ 1,74 por ação, resultado levemente acima da estimativa média dos analistas, que era de US$ 1,72, mas uma alta 32% em relação ao mesmo período de 2017.

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A receita, impulsionada pelas vendas de publicidade móvel, cresceu 42%, para US$ 13,2 bilhões, ficando abaixo de projeção de US$ 13,3 bilhões. O fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, tentou mostrar otimismo em nota divulgada após o balanço, dizendo que a comunidade e os negócios estão crescendo “rapidamente”. “Estamos comprometidos em investir para manter as pessoas seguras e continuar construindo novas maneiras significativas de ajudar as pessoas a se conectarem”, disse ele. Com a derrocada, o executivo “perdeu” US$ 16,8 bilhões com suas ações da companhia.

De acordo com o Credit Suisse, o guidance de longo prazo da empresa indica uma compressão de margem e trouxe uma nova crise existencial para a companhia, mas mantém recomendação outperform. Já outras casas, como Raymond James e Nomura cortaram a recomendação para os papéis da rede social. 

A reação das ações não tem relação com a polêmica gerada na última quarta no Brasil, com a remoção de 196 páginas e 87 perfis da rede social. Segundo a empresa, estas páginas faziam parte de uma “rede coordenada de contas falsas” que visavam “espalhar desinformação”. No fim da tarde, o MPF (Ministério Público Federal) deu um prazo de 48 horas para o Facebook explicar o caso.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.