“Estamos nadando em um oceano azul”, diz vice-presidente da Raia Drogasil

SÃO PAULO — Os desafios gerados pela pandemia de coronavírus afetaram negativamente o balanço da Raia Drogasil (RADL3), principalmente no segundo trimestre de 2020, mas no restante do ano passado a companhia conseguiu se recuperar e encerrou o período com aumento de lucro, de receita, de Ebitda e de market share, na comparação com 2019.

Em um setor bastante fragmentado, a companhia consegue usar a seu favor a sua capilaridade — são 2.299 lojas em 409 municípios — e diz não temer o aumento da concorrência. “Só nós temos uma rede realmente nacional, com presença em praticamente todos os estados do Brasil e ganhando dinheiro quase que de forma igual em todos”, disse Eugenio de Zagottis, vice-presidente da RD, em live do InfoMoney nesta quarta-feira (10).

“A gente está nadando em um oceano azul. A gente vê vários concorrentes que querem acelerar crescimento, mas eles vão nadar em um oceano vermelho porque ele está num certo mercado e quer entrar num mercado novo. Para fazer isso, tem uma barreira de entrada monstruosa. Ninguém conhece a marca dele, ele não conhece a dinâmica comercial daquele mercado, o comportamento de compra”, completou.

A entrevista faz parte do projeto Por Dentro dos Resultados, no qual CEOs e outros executivos importantes de empresas da Bolsa comentam os balanços do quarto trimestre de 2020 e o desempenho anual das companhias, e falam também sobre perspectivas. Para não perder as próximas lives, que acontecem até o início de abril, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

Fernando Spinelli, diretor de relações com investidores do grupo, ressaltou ainda a adaptação de perfil da expansão da Raia Drogasil. “Se você olha os números recentes, dos últimos três, quatro anos, tem duas tendências muito claras. Uma é que a gente tem aberto cada vez mais lojas no formato popular, e menos lojas premium, (…) e o segundo ponto importante é que a gente está cada vez mais chegando a cidades que antes a gente não chegava”, disse.

“A população média dessas cidades adicionadas está caindo. O nosso formato está se provando de sucesso mesmo em cidades que antes pareciam cidades que a gente teria dúvida se caberia uma loja nossa lá. Isso expande muito o nosso mercado e mostra como deve ser a tendência de expansão nos próximos anos. A boa notícia é que a gente está conseguindo fazer esse movimento com números que estão coerentes com aquilo que a gente esperava”, completou.

A RD fechou 11 lojas em 2020, um número menor do que a média de fechamento anual, de 30 unidades, e abriu 240 novas unidades no mesmo período. O guidance para 2021 é de abertura de mais 240 novas lojas até o final do ano.

Os executivos falaram ainda sobre distribuição de dividendos, sobre estratégia de agregar serviços à rede, como de nutrição e mais produtos de beleza, e o plano de fazer a RD se tornar a “empresa que mais promove acesso a uma vida saudável ao brasileiro”, segundo o VP do grupo.

Outros temas abordados foram fusões e aquisições, digitalização e vendas online, dívida, caixa e possíveis impactos da pandemia sobre os negócios em 2021. Segundo de Zagottis, a empresa está em um “ponto de inflexão de sua estratégia” e “não podemos menosprezar o impacto da pandemia”. Assista à live completa acima.