Escândalos empresariais minam a confiança dos investidores em 2002

A lista inclui Enron, WorldCom, Qwest, Xerox, Merck, Bristol-Myers Squibb, AOL Time Warner, Citigroup e JP Morgan Chase

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A falta de credibilidade nas empresas dos Estados Unidos está em níveis jamais vistos. O que se observa é um gigantesco pessimismo dos investidores, que pouco a pouco foi sendo alimentado pelos escândalos corporativos, culminando com a expressiva quedas das bolsas em 2002.

A lista das empresas norte-americanas que abalaram a governança corporativa incluem a operadora de TV a cabo Adelphia, a empresa de energia Enron, a operadora de longa distância WorldCom, a empresa de telecomunicações Qwest, a fabricante de copiadoras Xerox, as farmacêuticas Merck e Bristol-Myers Squibb, o grupo de mídia AOL Time Warner, e recentemente os conglomerados financeiros Citigroup e JP Morgan Chase.

Enron, o escândalo corporativo de 2001

O primeiro abalo expressivo na governança corporativa dos Estados Unidos foi com a Enron, que era uma das maiores companhias do setor de energia do mundo. A concordata ocorreu em dezembro de 2001, com US$ 63,4 bilhões em dívidas acumuladas.

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As suspeitas de falência fraudulenta transformaram o caso em escândalo político nos EUA, envolvendo o presidente George Bush, e o primeiro-ministro Tony Blair, da Inglaterra. Na época, o ex-presidente Kenneth Lay e outros executivos da empresa venderam 1,8 milhão de ações da Enron por US$ 101 milhões, de outubro de 1998 a novembro de 2001.

Além disso, a empresa de auditoria atuante no período, Artur Andersen, foi acusada de destruir documentos. O ápice foi a morte do antigo vice-presidente John Clifford Baxter, que foi achado dentro de um carro em Houston, morto com um tiro na cabeça.

Em 2002 as fraudes contábeis afloram

No setor de telecomunicações, a WorldCom alegou que aumentou seu lucro em US$ 3,85 bilhões ao contabilizar despesas como investimento nos balanços de 2001 e primeiro trimestre de 2002. Em julho de 2002 a empresa pediu concordata, a maior da história dos EUA. Já a Qwest afirmou que os balanços de 2000 e 2001 estão sob investigação pela SEC, que fiscaliza o mercado de capitais norte-americano.

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Já a fabricante de copiadoras Xerox, durante o período de 1997 a 2001, reverteu US$ 6,4 bilhões de receitas registradas como vendas de equipamentos. Desse valor, US$ 5,1 bilhões serão contabilizados como serviços, aluguéis, terceirização de documentos e receitas financeiras.

Entre as farmacêuticas, a Merck registrou R$ 12,4 bilhões de receitas em seu plano Medco que jamais existiram. Já a Bristol-Myers Squibb está sendo investigada sob suspeita de inflar US$ 1 bilhão em receitas em 2001.

O gigante grupo de mídia AOL Time Warner está sob suspeita de ter utilizado práticas contábeis pouco usuais para melhorar o seu faturamento entre 2000 e 2002 em US$ 270,1 milhões, antes da fusão da AOL com a Time Warner.

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Por último, em julho deste ano os conglomerados financeiros Citigroup e JP Morgan Chase estão sendo acusados de envolvimento no caso Enron, contribuindo para disfarçar a acentuada dívida da empresa.

Má governança não é exclusividade dos Estados Unidos

Os escândalos corporativos não são exclusividade dos Estados Unidos, uma vez que o grupo de mídia francês Vivendi fraudou seus balanços em US$ 1,5 bilhão e a seguradora alemã MLP está a mais de um ano sob suspeita de práticas contábeis inapropriadas, sendo que no dia 23 de julho a promotoria local confiscou vários documentos da empresa.

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Já no Brasil, o caso mais recente foi com a empresa de bens de consumo Bombril, com a divulgação pelas revistas Veja e Época de denúncias de transações irregulares. Na semana seguinte foi confirmado pelo Banco Central que existem indícios de remessa ilegal de recursos ao exterior pela empresa no valor de US$ 1,3 bilhão, entre 1996 e 2000, por uma única conta do banco Bradesco, aberta em São Paulo. Dados indicam que a remessa anual da empresa é maior que os seus próprios lucros, motivo pela qual despertou a investigação.

Falta de confiança leva o caos aos mercados

Com isso, as bolsas norte-americanas operam num patamar próximo ao de cinco anos atrás. O Dow Jones, que engloba as 30 principais empresas categorizadas como blue-chips, encerrou o pregão de 23 de julho com queda de 1,06% a 7.702,30 pontos, menor patamar desde 23 de janeiro de 1998, acumulando baixa de 23,15% no ano.

O S&P 500, com as 500 principais empresas dos EUA, caiu 2,70% a 797,70 pontos, baixa de 30,52% no ano, somente abaixo do nível de 29 de abril de 1997. Já a Nasdaq recuou 4,18% a 1.228,99 pontos, acentuando a queda de 36,99% no ano, atingindo a menor pontuação desde 25 de abril de 1997.

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Por fim, as bolsas européias também apresentam um fraco desempenho no ano, tais como as quedas dos índices CAC40 da bolsa de Paris (-33,61%), DAX 30 da bolsa de Frankfurt (-4,76%) e FTSE 100 da bolsa de Londres (-26,06%), enquanto o índice Bovespa apresenta queda de 28,22% no ano.




















































Fechamento em 23 de julho
Índice % no dia Pontos % ano
Dow Jones -1,06 7.702 -23,15
S&P500 -2,70 798 -30,52
Nasdaq -4,18 1.229 -36,99
CAC40 -2,53 3.070 -33,61
DAX30 -4,76 3.516 -31,87
FTSE100 -0,96 3.858 -26,06
Ibovespa -1,49 9.745 -28,22
Nikkei +0,26 10.216 -3,10
Hang Seng +2,02 10.314 -9,21