Embraer nas alturas: os números que fizeram EMBR3 saltar em dia de queda no mercado

Dólar em alta e resultados do 3T24 considerados bem sólidos impulsionaram ações da companhia

Lara Rizério

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Enquanto o Ibovespa registrou uma forte queda de 1,43%, a Embraer (EMBR3) incrementou a disparada de suas ações em 2024 com ganhos de mais de 7% na sessão desta sexta-feira (8). Além da disparada do dólar no dia favorecer EMBR3 por conta de ser uma empresa exportadora, mais um resultado favorável para a fabricante de jatos impulsionou os ativos na sessão desta sexta: EMBR3 disparou 7,47%, a R$ 53,79, liderando o Ibovespa em um dia de forte queda para o índice.

O JPMorgan ressalta alguns destaques do resultado: o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado de US$ 357 milhões (ex-US$ 14 milhões em despesas da Eve) foi aproximadamente 90% acima do projetado pelo banco. Excluindo ganhos de arbitragem, o Ebitda ajustado ficaria em US$ 207 milhões (+38% ano a ano) e +10% versus o consenso.

Os principais pontos positivos foram, aponta o JP: i) o crescimento anual de 32% da receita, atingindo um nível recorde para um 3T; ii) as margens recorrentes – excluindo ganhos de arbitragem legal – fortes com margem Ebit (Ebit = lucro antes de juros e impostos/receita líquida) em 8,7% (acima do esperado pelo JPMorgan de 8,0%) e margem Ebitda em 12,2% (+0,8 ponto acima da projeção do JPMorgan e +0,6 pp na base anual); iii) lucro líquido positivo em US$ 179 milhões (incluindo ganhos de arbitragem de US$ 150 milhões) versus o consenso de US$ 120 milhões e do JPMorgan em US$ 92 milhões; e iv) o fluxo de caixa livre positivo em US$ 240 milhões sendo -US$ 320 milhões no acumulado do ano até setembro.

Os principais pontos negativos foram: i) a margem Ebit comercial ajustada estava em -4,8% versus 0,3% há um ano impactada pela cadeia de suprimentos e portfólio; ii) A projeção de entregas comerciais foi revisada para baixo para 70-73 versus 72-80 antes; e iii) a taxa de imposto efetiva estava em 25,5% impactada por ganhos legais versus a projeção de JPMorgan em 8%.

De qualquer forma, a projeção era de uma reação positiva, pois o Ebitda recorrente ficou 10% acima do consenso e a nova orientação traz sinais de alta para o fluxo de caixa livre do ano inteiro.

O Santander também apontou que a Embraer entregou resultados sólidos no 3T24, com Ebitda ajustado (ex-pagamento de arbitragem da Boeing) chegando a 10% acima das estimativas de consenso, mas em linha com os números do mercado. A surpresa operacional foi impulsionada principalmente por margens mais fortes em Aviação Executiva e Serviços e Suporte.

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O Itaú BBA reforça os resultados consistentes no 3T24 principalmente com surpresas positivas no crescimento da receita e lucratividade. O Ebitda ajustado superou o consenso em cerca de 4% (embora em linha com sua estimativa), enquanto o lucro líquido ajustado ficou consideravelmente acima de nossos números.

A receita ficou acima do esperado pelo BBA em 7%, com contribuições positivas vindas da defesa. “Saudamos os resultados deste trimestre, mantendo nossa classificação de desempenho superior (outperform, equivalente à compra)”, avalia. JPMorgan, Bradesco BBI, Santander também possuem recomendação de compra ou equivalente para os ativos.

Em teleconferência, os executivos da empresa ainda apontaram que querem mais, destacando que a margem de lucro atual está bem abaixo da ambição da empresa. Além disso, destacaram que ainda há muitos desafios em cadeia de fornecedores, enquanto espera crescimento de dois dígitos em entregas, receita e Ebit para 2025.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.