Em coletiva pós-Fomc, Jerome Powell fala em desaceleração de altas dos juros mas não sinaliza fim do ciclo

Powell vê ainda como algo prematuro falar em fim de ciclo, uma vez que economia americana ainda dá sinais de estar aquecida

Vitor Azevedo

O presidente do Fed, Jerome Powell

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O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, falou nesta quarta-feira (2) após a decisão da instituição de elevar a taxa de juros americana em 0,75 ponto percentual, para o intervalo entre 3,75% e 4%. Entre os destaques, o chefe da instituição monetária da maior economia do mundo apontou que enxerga a possibilidade de discutir uma desaceleração da alta das taxas nas reuniões de dezembro ou de  janeiro, mas que há, ainda, “um caminho a se percorrer.”

“A medida que avançamos no território restritivo a questão da velocidade das altas se torna menos importante. E é por isso que, em algumas coletivas de imprensa, os diretores afirmaram que será importante desacelerar o ritmo dos apertos monetários”, disse Powell. “Essa hora está chegando, podendo ser nas duas próximas reuniões”.

O presidente da instituição monetária americana, apesar disso, afirmou que o Federal Reserve ainda não está pensando em pausar os seus aumentos de juros – o que seria, segundo ele, prematuro.

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“As pessoas quando ouvem falar em desaceleração pensam em uma pausa, mas não é isso. Temos um caminho a percorrer”, argumentou Powell.

De acordo com o líder do Fed, dados recentes sugerem que o nível final da fed funds pode ir além daquilo divulgado anteriormente.

“Nossas decisões dependerão da totalidade dos dados recebidos e de suas implicações para as perspectivas da atividade econômica”, acrescentou

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Ele afirmou que, até então, não houve sinais de que o mercado de trabalho está desacelerando e que o caminho para uma aterrissagem suave está cada vez mais estreito e difícil de se alcançar.

Mais cedo, na ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), a sinalização foi parecida.

“Os ganhos de emprego foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de alimentos e energia e pressões mais amplas sobre os preços”, disseram os diretores. “A guerra da Rússia contra a Ucrânia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas. A guerra e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e estão pesando sobre a atividade econômica global. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários”.