O que esperar do Investor Day da Eletrobras (ELET6)? Analistas veem início do ciclo de notícias positivas

Após diversos ruídos do mercado, o BBI disse esperar fluxo de notícias positivas no segundo semestre, começando com o evento da próxima quarta

Lara Rizério

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Depois de pouco mais de um ano de privatização, a Eletrobras (ELET3;ELET6) fará seu Investor Day no próximo dia 12 de julho, quarta-feira, será um evento a ser monitorado de perto pelos analistas de mercado.

Através do evento, o primeiro do gênero pós-privatização e que tratará da estratégia da companhia de energia, a expectativa é de que muitas dúvidas do mercado sobre a empresa (após diversos ruídos na primeira metade do ano) serão dirimidas.

O Bradesco BBI, em relatório, apontou esperar agora um fluxo de notícias positivas no segundo semestre de 2023 (2S23), começando com o evento da próxima quarta-feira.

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“Entre as maiores reclamações dos investidores sobre a Eletrobras está a de que a reviravolta pós-privatização foi muita lenta”, avaliam os analistas que assinam o relatório, destacando que há uma grande expectativa de que a elétrica fale em detalhes sobre cortes de despesas operacionais, monetização de impostos, proteção do portfólio de energia, negociações sobre empréstimos compulsórios, entre outros temas.

O banco avalia que, desde sua privatização em junho de 2022, a Eletrobras enfrentou uma tempestade perfeita de eventos negativos, mas estes agora estão precificados ou se tornaram riscos de alta, incluindo: (i) preços de eletricidade em queda na segunda metade do ano com o excesso de oferta de geração, algo já precificado e que pode mudar se a hidrologia piorar e/ou a demanda aumentar; ii) o debate sobre a revisão da Rede Básica Sistema Existente (RBSE); iii) a ofensiva do governo para aumentar o poder de decisão na companhia e a (iv) virada demorando para ocorrer da Eletrobras.

“Agora, no dia 12 de julho, a Eletrobras provavelmente revelará seu plano de reestruturação em detalhes”, avalia o banco sobre o último fator, citando os pontos para ficar de olho.

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Notavelmente, aponta o banco, a Eletrobras é uma gigante (a maior de geração renovável da América Latina) com várias unidades de negócios para atender/melhorar, sendo que o o primeiro passo foi ajustar toda a equipe de gerentes seniores (para se juntar ao CEO/CFO que liderou a privatização) para executar a recuperação.

Agora com equipe praticamente completa, espera-se que a Eletrobras aborde no evento: (1) novo opex (despesas operacionais) dos programas de eficiência + meta opex/ custos com Pessoal, Material, Serviços de Terceiros e Outras despesas (PMSO); (2) reestruturação da corporação para desbloquear eficiências fiscais + uso de compensação de prejuízos fiscais; (3) estratégia de marketing do portfólio de energia; (4) algumas percepções sobre negociações de obrigações de empréstimos compulsórios; e (5) seu crescimento inorgânico/orgânico + estratégia de alienação de participação onde possui fatia minoritária.

Outro tema que deve entrar no radar é sobre o pedido do governo no Supremo Tribunal Federal, pedindo a revogação do limite do direito de voto na companhia de 10%. O governo possui cerca de 48% do total de ações com direito a voto, mas vota apenas com um máximo de 10%, como qualquer outro acionista. Se a Corte decidir em favor do governo, em termos práticos, a Eletrobras voltaria a ser uma estatal.

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No entanto, avaliam os analistas do BBI, a Suprema Corte deve manter o limite de 10% dos votos, já que o projeto de lei de privatização foi amplamente discutido pelo Congresso e também aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). “O momento para que este problema seja resolvido é incerto, já que o Supremo Tribunal Federal não tem prazo para colocar o pedido do governo para votação”, aponta.

Paralelamente, os analistas citam rumores de mercado sobre um possível acordo entre a elétrica e o governo para resolver a questão, o que implicaria na concessão de mais assentos no conselho para a União. “Chegar a um acordo para acabar com essa discussão seria ótimo, mas teria que ser um acordo rígido (sem espaço para mais reclamações do governo), algo que não temos certeza de que possa ser alcançado”, avalia.

Com esses pontos no radar, os analistas atualizaram suas estimativas antes do Investor Day, recalibrando o preço-alvo para 2023, de R$ 71 para R$ 57 para os ativos ELET6 (implicando em um potencial de valorização de 30% em relação ao fechamento da véspera) e de R$ 69 para R$ 54 para os ativos ON, ou 37% de upside, para refletir, entre outros pontos, preços mais baixos de eletricidade até 2030. A recomendação para os papéis segue outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra).

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Em meados de junho, logo após a Eletrobras anunciar um novo plano de demissão voluntária (PDV), o Itaú BBA também destacou a expectativa pelo Investor Day da companhia.

“Esperamos que outras iniciativas de redução de custos sejam apresentadas no Investor Day da Eletrobras, em 12 de julho, assim como outros importantes drivers de valor para a empresa (negociações de empréstimos compulsórios, otimização de seu portfólio de ativos, utilização de créditos tributários etc.). Em nossa CEO Conference no início de maio, o CEO da Eletrobras mencionou que o potencial total de economia de custos pode chegar a R$ 4 bilhões”, destacou o BBA na ocasião.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.