“Eletrobras atrativa, mas não uma barganha”: as visões de riscos e oportunidades para a ação

Acordo com União eliminaria grande das preocupações dos investidores em relação ao papel, apontam analistas; BBA cortou preço-alvo para ação

Felipe Moreira

Eletrobras (Foto: Getty Images)

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As ações ON da Eletrobras (ELET3) caíram 3,38%, a R$ 42,02, na sessão desta terça-feira (16), em um dia negativo para o Ibovespa em geral, que registrava baixa de 1,5%. Os papéis ainda sofreram um corte de preço-alvo, mas as avaliações do mercado para os papéis ainda é positiva.

Em relatório, o Itaú BBA cortou o preço-alvo para ELET3 de R$ 61,60 para R$ 53,50, representando um potencial de alta de 24% sobre o fechamento da véspera, reiterando recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, ou compra).

“Ainda gostamos da Eletrobras, pois acreditamos que o preço atual das ações já reflete uma curva baixa de preços de energia e vemos mais potencial de alta do que risco de queda”, avaliam. Os analistas, liderados por Marcelo Sá, contudo, apontam que, pela ótima da Taxa Interna de Retorno (TIR), as ações seguem atrativas, mas não são mais uma “barganha”, dados os riscos envolvidos, preferindo a Copel (CPLE6) no setor.

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O banco vê como um dos riscos para a tese de investimento em Eletrobras um resultado desfavorável da disputa sobre direitos de voto da União, atualmente em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O governo federal contesta trechos da lei de desestatização da Eletrobras que diminuíram seu poder de voto na empresa.

Apesar de incertezas sobre o resultado dessa disputa, o banco aponta um possível acordo com o governo, evitando futuras ações judiciais. Isso eliminaria grande das preocupações dos investidores em relação ao papel. O ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Kássio Nunes Marques, submeteu o caso à Câmara de Arbitragem e Compensação da Administração Federal, estabelecendo um prazo de 90 dias para as partes tentarem chegar a um acordo e afastarem quaisquer outras ações judiciais relacionadas a uma ação direta de inconstitucionalidade.

O processo de mediação já foi iniciado e o BBA acredita que um acordo pode chegar mais cedo do que o mercado espera. Muitos investidores internacionais estão cautelosos com a compra de ações da Eletrobras, temendo o risco de um desfecho negativo dessa disputa. Diante disso, os analistas do BBA acreditam que, uma vez resolvida esta questão, poderão existir fluxos estrangeiros para a ação.

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Um processo para virada nas operações mais longo do que o esperado também aparece como risco, assim como eventuais perdas pelo não desenvolvimento da usina de Angra 3 ou, ainda, seu desenvolvimento em termos pouco atrativos. O banco de investimento também alertou para subsídios adicionais para o desenvolvimento do setor de energias renováveis no país, com aumento do quadro de excesso de oferta de energia e consequente pressão adicional nos preços do insumo. Contudo, a visão segue positiva, de olho principalmente na disputa com o governo.

O JPMorgan, por sua vez, acredita que o cenário viável para um acordo com a União é o pré-pagamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) sem desconto pela Eletrobras, ou com desconto mínimo.

Nesse cenário, um acordo deve ser neutro a ligeiramente positivo para a elétrica, e ao longo do tempo, deve levar a uma reclassificação dos ativos, uma vez que novos investidores são atraídos para o caso devido ao encerramento do litígio no STF. Já um acordo sancionado pelo STF poderia se mostrar fundamentalmente positivo para a elétrica, avaliam analistas.

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O JPMorgan tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para ELET3, com preço-alvo de R$ 52 para ação ON da Eletrobras, ou upside de 19%.