Efeito dominó do coronavírus atinge setor industrial no Brasil e Bradesco BBI revisa projeções de ações

De acordo os analistas Victor Mizusaki e Gabriel Rezende, a Covid-19 pode comprometer os resultados do primeiro trimestre das empresas de bens de capital

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O surto de coronavírus, apesar de estar crescendo de forma mais lenta na China, já tem registrado forte impacto na cadeia produtiva do país asiático e deve gerar um efeito dominó em diversos setores, chegando ao Brasil. Esta é a avaliação da equipe de analistas do Bradesco BBI.

De acordo os analistas Victor Mizusaki e Gabriel Rezende, a Covid-19 pode comprometer os resultados do primeiro trimestre das empresas de bens de capital, em especial a Weg (WEGE3), Iochpe-Maxion (MYPK3), Marcopolo (POMO4), Mahle Metal Leve (LEVE3) e Randon (RAPT4).

Este cenário se dá pela quarentena obrigatória pela qual passam as empresas chinesas. Algumas fábricas estão operando gradualmente desde o fim de fevereiro e outras devem voltar agora em março, mas isso não impediu uma queda do PMI da Indústria de 50 para 35,7 pontos entre janeiro e fevereiro, enquanto a venda de automóveis caiu 80% no mês passado.

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Segundo apontam os analistas, estas empresas brasileiras têm instalações na China e a paralisação deve afetar as linhas de produção delas pelo menos neste primeiro trimestre. Além disso, o fornecimento de autopeças e matérias-primas importadas também deve ser prejudicado nos próximos meses porque os estoques serão esgotados e as empresas poderão não ter tempo suficiente para desenvolver e certificar fornecedores locais ou alternativos.

De acordo com o Bradesco BBI, na indústria automotiva, cerca de 17% das autopeças importadas são da China, sendo que a exposição ao país na cadeia de suprimentos representa 1% a 10% dos custos de matérias-primas entre as empresas listadas que eles cobrem. Os estoques de componentes importados estão na faixa de 2 a 3 meses.

“No entanto, vemos um risco de escassez, já que a produção na China abastecerá inicialmente o mercado interno e, posteriormente, as exportações para outros países serão normalizadas. Assim, vemos um risco final de paralisação da produção no segundo trimestre”.

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Para resolver a situação, os analistas acreditam que as empresas irão buscar alternativas no mercado nacional, mas com um custo maior. “Em nossos modelos de avaliação, assumimos que as matérias-primas importadas da China serão substituídas por fornecedores locais, mas a preços mais altos”, afirma o Bradesco BBI em relatório.

E este problema pode se espalhar ainda mais, já que os casos de coronavírus têm aumentado em outros países, em especial a Europa. De acordo com os analistas, companhias como a Iochpe-Maxion e a Mahle Metal Leve podem sofrer, já que a região representa 33% e 20% de suas receitas, respectivamente.

O impacto em cada empresa

Em relatório, os analistas do Bradesco BBI apontam que, dentre as cinco companhias que eles cobrem no setor de bens materiais, a Marcopolo é a mais exposta ao risco com o mercado chinês. A companhia tem 2% de suas receitas expostas à China, e os efeitos da paralisação das fábricas poderiam levar a redução de 3% de seu Ebitda, enquanto os maiores custos com importação de matérias-primas poderia reduzir sua margem em 6%.

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A Randon fica logo atrás, com impacto de 2% em seu Ebitda pela quarentena da indústria e de 5% nas margens por conta dos custos de materiais. Do outro lado, eles apontam a Iochpe como a menos exposta, sendo que o Ebitda dela também sofreria um impacto de 2%, mas as margens reduziriam apenas 1% já que a companhia não tem uma grande importação da China.

Dentre as recomendações, são três neutras: Marcopolo, Iochpe e Weg, com preços-alvo de R$ 5,00, R$ 24,00 e R$ 36,00, respectivamente. Já para a Metal Leve, os analistas colocam uma recomendação underperform (abaixo da média do mercado), com preço-alvo de R$ 22,00.

A única recomendação outperform (acima da média do mercado) do Bradesco BBI é para a Randon, com preço-alvo de R$ 17,00. Os analistas justificam esse maior otimismo com a ação porque acreditam que ela deve ganhar participação de mercado nas vendas de trailers e ter um crescimento no volume de impressões de 7% em 2020, além do fato de que as vendas de vagões podem se recuperar em 2021 e ocorrerem fusões e aquisições no mercado de autopeças.

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Confira as revisões de estimativas feita pelo Bradesco BBI:

(Reprodução)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.