Educacionais “brilham” com Fies e Petrobras sobe 5% na semana; construtoras caem com Copom

Vale e bancos também fecharam em alta, mas o grande destaque ficou para as educacionais; nos destaques de baixa, estão também as exportadoras do setor de papel e celulose em meio à queda do dólar

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em uma semana marcada por fortes emoções na Bovespa, o índice conseguiu se firmar no positivo e fechar com alta de 0,71%, a 53.347 pontos. Enquanto, na parte econômica, o Copom (Comitê de Política Monetária) roubou a cena por aqui com a divulgação da ata, que convenceu muitos investidores de que o ciclo de alta de juros não terminou na reunião da semana passada, a Grécia foi a grande protagonista no cenário externo.

Já na Bovespa, as ações que “brilharam” foram das educacionais, com destaque para a Estácio (ESTC3, R$ 20,60, +13,12%), com ganhos superiores a 13% na semana. Em seguida, estiveram as ações da Kroton (KROT3, R$ 12,50, +8,70%). Fora do Ibovespa, estão as ações da Ser Educacional (SEER3, R$ 14,58, +10,20%) e Anima (ANIM3, R$ 22,99, +10,05%) também registraram altas fortes. 

Os papéis das companhias foram impulsionado pelo “post” do ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, que  anunciou que o governo federal oferecerá uma segunda edição do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) em 2015, com prioridade para formação de professores e cursos das áreas de saúde e engenharia na noite da última segunda-feira (8). Vale ressaltar que as ações das educacionais estavam sofrendo desde o começo do ano, quando foram anunciadas regras mais rígidas para o financiamento estudantil. 

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E, segundo apurado pelo jornal Valor na quarta-feira, o ministério da Educação negocia com a Fazenda a criação de cerca de 100 mil vagas no Fies no segundo semestre. O novo plano a ser anunciado nos próximos dias deverá ter taxa anual de juros de 6,5%, prazo menor para amortização e será voltado apenas aos alunos com renda média per capita de até três salários mínimos.  

E as ações da Petrobras (PETR3, R$ 14,18, +4,88%; PETR4, R$ 13,02, +3,66%) tiveram novas altas semanais em meio à expectativa pela divulgação do plano de negócios da companhia, que deve trazer os projetos de desinvestimentos para aliviar o caixa da estatal.

A fala do diretor de Gás da estatal, Hugo Repsold, na última quarta-feira, destacando ver dificuldades para o plano sair ainda este mês até diminuiu o ímpeto das ações da estatal, mas os papéis ON seguem sendo os de melhor desempenho no Ibovespa em 2015, com alta de 47,86%. Os papéis são sustentados ainda pelas outras perspectivas de mudança na estatal: os senadores do PMDB acreditam que a Casa aprovará um projeto de lei que libera a estatal Petrobras de sua função de operadora única e sua participação mínima de 30% dos chamados campos de petróleo do pré-sal ainda este mês. 

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As ações da Vale (VALE3, R$ 21,16, +2,72%; VALE5, R$ 17,88, +1,53%) também registraram alta semanal em boa parte graças à forte alta de quarta-feira, em meio às perspectivas de que a mineradora estaria em negociações com vários investidores para vender seu projeto de potássio Rio Colorado, na Argentina e também com as falas do presidente da mineradora. Murilo Ferreira afirmou em evento no Rio
de Janeiro que a China poderá reduzir a produção de minério de ferro em quase 17% em 2015, para 200 milhões de toneladas.

Enquanto isso, dentre as empresas do setor bancário, destaque para as ações do Bradesco (BBDC3, R$ 26,57, +2,51%; BBDC4, R$ 27,77, +0,84%), a mais cogitada para adquirir as operações brasileiras do HSBC, fecharam em alta. Os papéis também foram impulsionados em meio  à notícia do Valor Econômico de que o ministério da Fazenda não estaria disposto a realizar a tributação de lucros e dividendos obtidos por investidores estrangeiros e a decretar o fim do juros sobre o capital próprio. Isso porque a medida afastaria investimento externos e desestimularia investimentos por parte de empresas locais. Desde o fim de dezembro, há rumores de que o JCP pode ser extinto. 

As maiores baixas…
Dentre as ações que registraram as maiores baixas, destaque para as construtoras Cyrela (CYRE3, R$ 9,77, -9,12%) e Gafisa (GFSA3, R$ 2,29, -6,15%) e, em menor intensidade, a da MRV Engenharia (MRVE3, R$ 7,72, -2,28%), em meio às perspectivas de que o Copom seguirá com o ciclo de alta dos juros, o que ficou claro após a divulgação da Ata do Copom.

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A alta dos juros afeta a demanda por financiamento dos imóveis o que, consequentemente, penaliza as empresas do setor. 

Enquanto isso, apesar do Banco Central anunciar na última quarta-feira a redução na oferta de contratos de swap cambial tradicional em leilão para a rolagem do lote que vence em 1º de julho, sinalizando uma redução no ritmo de intervenção no mercado de câmbio, o dólar fechou em baixa de 1,03% na semana. Isso em meio às perspectivas de que há entrada prevista de fluxo devido às captações de empresas. 

Assim, em meio à queda do dólar, as ações de companhias que têm a sua receita atrelada à divisa norte-americana sofreram na Bolsa, com destaque para a Fibria (FIBR3, R$ 41,65, -6,00%), enquanto a Suzano (SUZB5, R$ 16,13, -1,77%) registrou menores perdas. 

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A Oi (OIBR4), por sua vez, apesar das captações em euros durante a semana, fecharam em queda forte. Só hoje, a empresa anunciou  a precificação de sua emissão de Notas Seniores em 5,625%, totalizando 600 milhões de euros, com vencimento em 2021. 

Por outro lado, as perspectivas ruins de que a Pharol, ex-Portugal Telecom SGPS, recupere a dívida da Rioforte e expectativa de dificuldades operacionais na Oi, da qual é a maior acionista, afetam as ações da brasileira na Bolsa. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.