Dólar tem espaço para ir abaixo de R$ 3,00, mas um fator precisa ser definido antes, diz especialista

Moeda norte-americana chegou a cair para R$ 3,09 nesta quinta, mas para conseguir perder mais força dependerá de como a reforma da Previdência será aprovada

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – A grande quantidade de notícias que estão atingindo o mercado desde ontem levaram o dólar a cair de volta para o nível mais próximo de R$ 3,10, após uma alta mais acentuada nas últimas semanas diante das expectativas sobre a reunião do Fomc. Apesar de ser difícil neste momento, ainda há chances da moeda recuar mais, mas para isto acontecer a política precisa ajudar também.

A avaliação é do diretor de câmbio da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, que vê a moeda passando primeiro pelo teste dos R$ 3,10. “[O câmbio] tem espaço para cair em direção a R$ 3,05 novamente. O teste de 3,00 não está descartado, mas o rompimento deste patamar fica mais difícil devido notícias negativas da reforma da Previdência”, explica.

Faria lembra que já alertou outras vezes para as mudanças que a proposta da reforma da Previdência deve sofrer, e que, dependendo das alterações, poderá comprometer o cenário benigno atual, principalmente diante do grande risco das eleições de 2018 e do avanço de Lula nas pesquisas. “Reformas virão, acho que não há dúvidas sobre isto. Mas é absolutamente essencial acompanhar como elas virão”, afirma.

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Na véspera, o Federal Reserve decidiu elevar os juros nos EUA em 25 pontos-base, mas o que acabou derrubando o dólar foi a manutenção das projeções da autoridade monetária de mais duas elevações para este ano. Alguns investidores já passavam a acreditar que o Fed poderia aumentar a velocidade das altas de juros.

Mais cedo, o BC divulgou o resultado do seu leilão de rolagem de swap, que foi retomado hoje: foram colocados todos os 10.000 contratos para rolagem do vencimento de abril. Se mantiver o ritmo e não realizar o leilão no último dia de março, o BC pode deixar vencer US$ 4,2 bilhões de um total de US$ 9,7 bilhões que vencem na virada do mês. No vencimento anterior, o BC deixou US$ 4,55 bilhões sem rolar.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.