Dólar: Por que o câmbio está cada vez mais sensível ao exterior – e o que esperar daqui para frente

Segundo a equipe do Credit, se fossem considerados apenas fatores domésticos, a cotação do dólar hoje poderia estar na casa de R$ 3,87

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Desde que iniciou sua escalada no final de julho, analistas apontam que o dólar tem sido bastante impactado pela tensão externa crescente. O real em especial tem se depreciado bastante mesmo em um ambiente de menores problemas políticos e andamento das reformas.

Em relatório publicado na quinta-feira (5), o Bradesco BBI ressalta que a moeda brasileira “tem mostrado uma sensibilidade maior aos eventos externos”, o que a deixou como uma das moedas que mais caíram, se descolando de seus pares, desde a escalada da guerra comercial.

E mesmo o alívio sentido desde quarta-feira, com o dólar caindo 2,7% em três dias, para R$ 4,0682 na venda com notícias positivas no exterior, só ajudou a comprovar o maior grau de reação da moeda brasileira ao balanço de riscos global, apontam os analistas do banco. Em agosto, o real foi a segunda pior moeda emergente, atrás apenas do peso argentino.

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“A depreciação do câmbio de R$ 3,87 para R$ 4,15 entre janeiro e agosto foi explicada por fatores externos. Os fatores domésticos não tiveram um impacto significativo na taxa de câmbio deste ano”, avalia o Credit Suisse, ressaltando um movimento parecido em 2018, quando o dólar subiu 17% de forma “totalmente explicada por fatores externos”.

Os analistas do Bradesco lembram de alguns fatores que comprovam a sensibilidade da moeda brasileira ao cenário externo, como o menor diferencial de juros com outros países, o que tira a atratividade do chamado carry trade.

Além disso, o banco cita a queda dos investimentos estrangeiros desde que o Brasil perdeu o grau de investimentos em 2015 enquanto faltam perspectivas melhores de crescimento da economia local.

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Já analistas do Goldman Sachs apontam que as vendas de real (assim como do rublo russo e da rupia indiana) foram significativamente maiores do que o previsto pelo cenário global. Eles apontam outros fatores, como a crise argentina no caso da moeda brasileira, com papel importante neste movimento, além de uma concentração de posicionamento nestes ativos.

“Apesar disso, o apetite por risco deve se estabilizar, e os selloffs de agosto pode ter criado mais espaço para uma alta pontual [de moedas emergentes]”, avaliam.

A equipe do Credit diz ainda que, se fossem considerados apenas fatores domésticos, a cotação do dólar hoje poderia estar na casa de R$ 3,87. “Assumindo um processo de reversão da média para a taxa de câmbio, estimamos que um nível próximo de R$ 3,85 seja compatível com a média de longo prazo”, afirmam os analistas, ressaltando, porém, de que isso pode demorar um pouco.

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Em relatório publicado no dia 4, a equipe do Credit afirma que, ainda que mantenha um viés negativo para o real, reconhece que a possibilidade de atuação do Banco Central diminui a possibilidade de uma alta agressiva da moeda a partir do nível atual.

“Não achamos que essa mudança seja suficiente, de forma alguma, para evitar fraquezas adicionais no real, dados os fundamentos globais e domésticos sem suporte”, dizem os analistas. Por outro lado, eles não veem mais atratividade em ficar comprado em dólar neste momento, vendo uma nova oportunidade de entrada na casa de R$ 4,07.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.