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Os receios em torno da política fiscal do governo Lula e da possibilidade de Donald Trump vencer a eleição presidencial nos EUA voltaram a sustentar o dólar nesta quinta-feira, o que fez a moeda terminar o mês de outubro na maior cotação ante o real desde março de 2021.
Ao longo da sessão, o dólar subia, à medida que investidores digerem novos dados índice de preços de consumo pessoal (PCE) dos Estados Unidos e se posicionam para a disputa da Ptax de fim de mês mais tarde.
A inflação PCE em setembro subiu 0,2%, em linha com o esperado. Em agosto, a alta foi de 0,1%. Na base anual, o PCE de setembro marcou alta de 2,1%, também em linha com a expectativa e abaixo dos 2,2% em agosto.
Já os pedidos iniciais de seguro-desemprego esta semana ficaram em 216 mil, abaixo da expectativa de 229 mil.
Qual a cotação do dólar hoje?
O dólar à vista fechou o dia em alta de 0,30%, cotado a 5,7815 reais. Este é o maior valor de fechamento desde 9 de março de 2021, quando encerrou em 5,7927 reais. Em outubro, a divisa acumulou elevação de 6,10%.
Às 17h06, na B3 o contrato de dólar futuro para dezembro DOLc1 — que nesta sessão passou a ser o mais líquido — subia 0,32%, a 5,8005 reais na venda.
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Dólar comercial
- Compra: R$ 5,781
- Venda: R$ 5,781
Dólar turismo
- Compra: R$ 5,816
- Venda: R$ 5,996
O que aconteceu com dólar hoje?
A sessão desta quinta-feira foi marcada pela definição da Ptax de fim de mês, o que tradicionalmente eleva a volatilidade por conta da disputa pela taxa.
Calculada pelo Banco Central com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
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Além da disputa pela Ptax, investidores observaram pela manhã a divulgação de dados robustos sobre a economia norte-americana, que reforçaram a tendência mais recente de alta para os rendimentos dos Treasuries.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram em 12.000 nos EUA, para 216.000 em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 26 de outubro. Economistas consultados pela Reuters previam 230.000 pedidos para a última semana.
Já os gastos dos consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,5% no mês passado, após ganho revisado para cima de 0,3% em agosto. Economistas consultados pela Reuters previam que alta de 0,4%.
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Por outro lado, o índice de preços PCE aumentou 0,2% em setembro, após um ganho não revisado de 0,1% em agosto. Economistas haviam previsto que a inflação medida pelo PCE ficaria exatamente em 0,2%.
Neste cenário, o dólar à vista chegou a oscilar em baixa ante o real, marcando a mínima de 5,7543 reais (-0,17%) às 9h03 e às 10h04 — neste caso, já após os dados dos EUA. Mas o movimento não se sustentou e o dólar migrou para o território positivo.
De acordo com Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, a desconfiança do mercado na política fiscal do governo Lula e a expectativa crescente de que o republicano Trump vencerá a democrata Kamala Harris na corrida eleitoral norte-americana voltaram a sustentar o dólar.
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“Estamos na mesma pegada dos últimos dias, com os problemas internos no fiscal fazendo preço”, comentou Avallone. “E não adianta ter diferencial de juros favorecendo Brasil se o governo não trata das próprias contas”, acrescentou.
Nas últimas semanas, apesar do diferencial de juros favorável à atração de recursos pelo país — já que o Fed caminha para cortar mais seus juros e o Brasil tende a acelerar a alta da taxa básica Selic –, o dólar tem escalado patamares cada vez mais elevados ante o real.
Parte do desconforto do mercado — que também sustentou as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta quinta-feira — está no fato de o governo Lula ainda não ter anunciado medidas concretas de contenção de despesas, prometidas para depois das eleições municipais.
Neste cenário, o dólar à vista subiu até a máxima de 5,7959 reais (+0,55%) às 13h18 — pouco depois da Ptax de fim de mês ter sido formada. A Ptax ficou em 5,7779 reais para venda.
Mesmo perdendo parte da força no restante da tarde, o dólar ainda terminou o dia no maior nível ante o real em cerca de três anos e meio.
No exterior, o dólar tinha direções mistas ante as moedas de emergentes, mas caía ante as divisas fortes. Às 17h34, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,19%, a 103,890.
No fim da manhã, o BC vendeu todos os 14.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de dezembro de 2024.
(Com Reuters)