Depois de ultrapassar os 109 mil pontos, Ibovespa cede à pressão do exterior e fecha em queda

Investidores aguardam decisões dos BCs nos EUA e Europa e voltaram a se questionar sobre as consequências da nova variante do coronavírus

Mitchel Diniz

(Getty Images)

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O Ibovespa quase deu sequência aos ganhos da última semana, mas, por muito pouco, não conseguiu. A Bolsa, que chegou a ultrapassar os 109 mil pontos hoje, acabou apurando uma leve queda nos ajustes finais. Lá fora, o investidor adotou uma postura mais conservadora, à espera de decisões de diferentes Bancos Centrais e informações sobre a variante Ômicron do coronavírus e isso acabou influenciando os negócios por aqui.

Entre as maiores altas do dia do Ibovespa, estiveram ações do setor de saúde e os papéis da Vale (VALE3), os mais negociados nesta segunda-feira. A alta do preço do minério de ferro no mercado internacional, com perspectiva de aumento da demanda chinesa, também contribuiu para a valorização de ações das siderúrgicas ao longo da sessão.

“O Ibovespa conseguiu se defender mais que o externo pela alta no preço das commodities“, afirma Gustavo Cruz, Estrategista da RB Investimentos. Para ele, a visão de inflação um pouco menor para este ano e nos seguintes também pode ter influenciado os negócios. Pela primeira vez, depois de 35 semanas, os economistas consultados pelo Banco Central reduziram suas estimativas para a inflação deste ano: de  10,18% na semana passada, para 10,05%. Para 2022 a previsão foi mantida em 5,02%.

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A última semana “cheia” do ano para os mercados antes das festas de fim de ano tem a reunião do Comitê de Mercado Aberto do Banco Central dos EUA (Fomc, na sigla em inglês), que deve dar o tom da retirada de estímulos à economia americana. Ainda que uma alta de juros não seja esperada, o comunicado do Federal Reserve deve dar detalhes sobre a trajetória da inflação nos EUA e como será feita a política monetária.

Na Europa, a expectativa é de manutenção da liquidez, tanto pelo Banco Central Europeu como o Banco Central da Inglaterra, com o avanço da variante Ômicron do coronavírus. No Reino Unido, foi registrada a primeira morte por Covid-19 de um paciente que estava com a nova cepa.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que a Ômicron dá evidências de que foge da proteção vacinal. Porém, ainda são poucos os dados clínicos sobre a nova cepa.

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“Os múltiplos da nossa Bolsa seguem bastante atrativos e a gente não deve sofrer tanto com essa variante, por causa da vacinação”, afirma Dany Chvaicer, head de renda variável da Ébano Investimentos.

Por aqui, o destaque que promete mexer com os mercados amanhã é a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na qual o colegiado decidiu pela elevação da taxa básica de juros (Selic) em 1,5 ponto percentual para 9,25% ao ano.

Os investidores também monitoram o andamento da PEC dos Precatórios, que terá alguns trechos votados pela Câmara dos Deputados nesta semana. São partes que sofreram alteração na votação do Senado. O governo tem pouco tempo para que a matéria seja votada antes do início do recesso parlamentar.

O Ibovespa fechou em queda de 0,35%, aos 107.383 pontos. O Ibovespa futuro para dezembro de 2021 avançava 0,48% aos 107.525 pontos.

O dólar comercial, por sua vez, fechou em alta de 1,07%, a R$ 5,673 na compra e R$ 5,674 na venda. O dólar futuro para janeiro de 2022 avançava 1,08% a R$ 5,702 nos últimos negócios do dia.

Na sessão estendida do mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2023 avançava um pontos-base para 11,40%; DI para janeiro de 2025 avança dois pontos-base a 10,41%; e o DI para janeiro de 2027 sobe três pontos-base, a 10,36%.

Em Nova York, as Bolsas fecharam em queda com as incertezas sobre a Ômicron e a postura do Fed na próxima reunião do Fomc. O Dow Jones fechou em queda de 0,89%, a 35.652 pontos; o S&P caiu 0,91%, a 4.669 pontos; Nasdaq fechou em queda de 1,39%, a 15.413 pontos.

Na Europa, as Bolsas que começaram a sessão a queda em alta, também inverteram sinal. O índice Stoxx 600, que mede o desempenho de empresas de 17 países europeus, fechou em queda de 0,43%.

Nem todas as matérias-primas tiveram o desempenho do minério na sessão de hoje. O petróleo voltou a fechar em baixa, com o WTI a US$ 71,31 e queda de 0,5%; o petróleo tipo Brent recuou 0,96%, a US$ 74,43.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados