
SÃO PAULO – Os investidores exigem um retorno maior para comprar os títulos públicos de dez anos da Itália nesta segunda-feira (10) por conta de receios sobre o futuro político do país. O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, afirmou no sábado que pretende deixar o cargo logo que o parlamento aprove a legislação orçamental para 2013, o que deve ocorrer até o fim do ano.
Esta decisão surgiu no mesmo dia em que Silvio Berlusconi anunciou que vai tentar governar o país novamente. Os anúncios causaram uma reviravolta no cenário político italiano e abriram espaço para eleições antecipadas.
O país tem um leilão de dívida programado para esta semana, o que, na opinião de analistas, pode ser um teste decisivo sobre o apetite dos investidores por bônus italianos, diante da possibilidade de Berlusconi voltar ao poder.
Os efeitos da iminente saída do primeiro-ministro italiano se alastraram à Espanha, confirmando os receios levantados pelo ministro das Finanças espanhol, Luis de Guindos, que afirmou também nesta segunda-feira que temia um “contágio imediato” da instabilidade política italiana.
País | Rendimento | Variação | Spread vs. Bund* |
---|---|---|---|
Grécia | 14,16% | -2,17% | +12,88 |
Portugal | 7,54% | -0,30% | +6,26 |
Itália | 4,89% | +8,13% | +3,61 |
Espanha | 5,65% | +3,48% | +4,37 |
França | 1,95% | -0,41% | +0,67 |
Alemanha | 1,28% | -1,54% | – |
* Diferença calculada em pontos percentuais. Fonte: Bloomberg
Entenda: quanto maior, pior
Os títulos públicos são uma das maneiras que os governos possuem para se financiar, enquanto a variação diária dos rendimentos decorre das negociações no mercado secundário. O juro pago pelo governo e o valor do papel são definidos no momento da emissão dos títulos, mas este último sofre variação no mercado secundário.
Assim, quanto mais arriscado um investimento, maior será o prêmio demandado pelos investidores no mercado secundário. Portanto, o valor do título recua e, consequentemente, o rendimento no mercado secundário aumenta. Tal variação positiva é uma indicação de que caso o governo opte por emitir novos papéis o custo para se financiar deverá ser maior.