Decisão de Corte nos EUA traz novo risco de calote à Argentina e bolsa cai 8%

Corte Suprema de Justiça dos EUA decidiu que governo de Cristina Kirchner deve pagar US$ 1,33 bilhões à credores que não entraram na reestruturação ocorrida em 2005 e 2010

Rodrigo Tolotti

A ex-presidente argentina Cristina Kirchner

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SÃO PAULO – A Corte Suprema de Justiça dos EUA recusou nesta segunda-feira (16) o pedido do governo argentino para revisar duas decisões tomadas em 2012 que ordenam ao país pagar US$ 1,33 bilhão em dívidas. Com a decisão, o índice argentino Merval registra forte perda de 7,68%, aos 7.429 pontos, às 15h05 (horário de Brasília) enquanto o preço dos títulos também cai forte. A Argentina pode solicitar uma “reconsideração” do caso, mas especialistas dizem que o pedido deve ser negado.

Os credores envolvidos na decisão são os que ficaram de fora de duas reestruturações ocorridas após o país entrar em default em 2001. Do total de credores privados, 93% aceitaram as duas reestruturações, ocorridas em 2005 e 2010. Porém, a decisão de hoje pode fazer com que outros grupos de credores recorram à Justiça norte-americana para também pedirem o pagamento dos títulos da dívida.

Agora, o juiz federal de Manhattan, Thomas Griesa, deve definir como a Argentina terá que pagar esses credores, que fazem parte dos grupos NML, Aurelius, Blue Angel, além de pequenos investidores. Nos últimos dias, Griesa afirmou que poderia ocorrer uma nova saída, à ser negociada, para a conclusão do caso. Neste cenário, especialistas alertam para o risco de um calote técnico da Argentina. Na véspera, a presidente Cristina Kirchner disse que caso a decisão de hoje não fosse favorável, o país não seria o único a ser prejudicado. “Isso colocaria em risco o sistema financeiro internacional”, disse durante a reunião da cúpula do G-77.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.