De R$ 1,62 para R$ 60: o que há por trás da alta de 3.900% em 2 dias da OGX?

Apesar da forte alta, poucos negócios foram realizados com os papéis; ontem as ações OGSA3 já haviam disparado 700%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Na sessão de ontem uma ex-empresa de Eike Batista voltou a chamar atenção na Bovespa com uma forte alta de 700%. Mas se o movimento pudesse ser considerado algo pontual, o pregão desta quarta-feira (8) está aumentando a dúvida dos investidores sobre o que pode estar acontecendo, já que os papéis da OGX Petróleo e Gás (OGSA3), subsidiária da Óleo e Gás Participações (OGXP3), antiga OGX, continuaram sua disparada e subiram mais 219,12%.

Com isso, as ações OGSA3 já acumulam ganhos de 2.269,75% em apenas dois dias (valor que chegou a 3.900% na máxima do dia), saltando de R$ 1,62 para atuais R$ 38,39, e chegando a bater em R$ 60,00 no maior preço desta sessão. Porém, é importante destacar o baixo número de negócios feitos com esses ativos: ontem foram 20 negócios, movimentando R$ 22,42 mil, e hoje são 77 negócios até o momento, movimentando R$ 408,38 mil.

O InfoMoney procurou diversos analistas, mas todos afirmaram que não acompanham mais esses papéis e que não sabiam e nem tinha visto nenhuma informação que pudesse justificar tal movimento. Muitos, porém, deram destaque ao baixo número de negócios feito com o papel, com o spread sendo explicado pela baixa liquidez das ações.

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Vale lembrar que na manhã de ontem, a Óleo e Gás comunicou que estão em curso negociações com a OSX 1 Leasing, seus respectivos credores e a OSX Serviços Operacionais sobre a interrupção das atividades no Campo de Tubarão Azul e a consequente desmobilização da plataforma FPSO OSX-1.

“As referidas negociações envolvem questões à liberação do FPSO OSX-1, respeitando os compromissos relacionados à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de renegociações sobre os custos de afretamento e operação e manutenção (O&M) do FPSO OSX-1”, disse a companhia em nota. A ex-OGX ainda disse que as duas empresas querem manter as atividades no Campo de Tubarão Azul, “respeitadas as questões relativas aos limites do reservatório e de viabilidade econômica do referido campo, bem como o acordo de desmobilização ora em negociação”.

No fim do terceiro trimestre de 2014, a dívida de R$ 13,8 bilhões da OGX Petróleo e Gás foi convertida em instrumentos de patrimônio da empresa (convertida nas ações OGSA3) como parte do processo de sua reestruturação. O montante corresponde a todos os compromissos que a companhia tinha antes do pedido de recuperação judicial, feito em 2013, na maior operação desse tipo já feita na América Latina. 

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Com o processo, essa a dívida bilionária desapareceu do balanço da nova OGX, ou melhor, saiu do passivo da empresa e passou para o ativo, como reserva de capital – conforme estipulado no seu plano de recuperação judicial. Como parte do processo, foram emitidas 86,2 milhões de novas ações ordinárias, que foram distribuídas aos credores proporcionalmente ao valor de seus créditos da empresa. 

Com as novas ações, os titulares da dívida da companhia ficaram com 71,4% da “OGX reestruturada” – que tem entre eles os detentores dos bônus internacionais, fornecedores e a OSX (OSXB3), companhia do grupo criada pelo empresário Eike Batista para construir plataformas e estaleiros que seriam demandadas pela petrolífera.

CCX também sobe
Enquanto isso, as ações da CCX (CCXC3, R$ 0,42, +7,69%) também registraram forte alta, chegando a disparar 25% na máxima do dia, mas neste caso há uma explicação para o movimento. A YCCX Colombia, controlada pela YildirimHolding protocolou requerimento junto ao ICC para emitir uma ordem proibindo a CCX Colômbia de negociar com outros potenciais compradores a venda dos ativos ou a venda de ações, segundo comunicado. O árbitro de emergência negou o pedido da YCCX.

“Isso significa que a CCX Colômbia e controladoras não estão impedidas de participar da venda de ações de emissão da CCX Colômbia (e/ou de quaisquer de suas controladoras) a qualquer terceiro”, disse a empresa em comunicado.

A companhia “não tomou qualquer providência em relação à correspondência enviada pelo Blackstone Advisory Partners, na condição de assessor financeiro de um grupo de fundos soberanos e grandes investidores estrangeiros organizados em regime de capital sindicalizado, contendo oferta não solicitada de aquisição das ações de emissão da CCX Colômbia”. “A análise da oferta não solicitada pelo conselho de administração ainda está pendente e até o momento nenhuma decisão em relação ao assunto foi tomada pelo conselho”, completou.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.