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Passado o período da eleição do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o momento agora é de expectativa do que pode acontecer caso sejam adotadas as medidas que o republicano anunciou durante a campanha.
“O mercado está cauteloso, em compasso de espera. Nos Estados Unidos isso também acontece, mesmo depois das eleições”, disse Francisco Nobre, economista da XP que participou nesta terça (19) do programa Morning Call da XP.
Incertezas
“Mesmo depois de conhecermos os resultados das eleições americanas, as incertezas continuam porque tudo que tem sido sinalizado nos Estados Unidos durante o período eleitoral, ele ainda não foi confirmado. Está tudo no boato, pouco é fato”, disse.
“Podemos ter nos próximos meses a divulgação de medidas políticas do governo Trump, principalmente com relação a China, que o mercado está muito de olho”, complementou.
Trump tem sinalizado aumento de tarifas de comércio exterior e, segundo Francisco Nobre, “isso pode ter impacto expressivo tanto na inflação global como no crescimento global”.
“O impacto tende a ser mais intenso em economias que são mais ligadas aos Estados Unidos em termos de comércio exterior. A gente destaca a China, o México e a Alemanha, mas isso não quer dizer que a gente não possa ver efeitos colaterais no resto do mundo”, analisou.
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Ciclo de flexibilização pode ser alterado
“Nesse contexto de incertezas, o mercado passou para um posicionamento de espera”, afirmou. Mudou também a posição do mercado com relação ao ciclo de flexibilização monetária a ser adotada pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano.
O economista explicou que o mercado precificava corte da taxa de juros nos Estados Unidos de forma mais expressiva em 2025. “Agora, o mercado está precificando apenas dois cortes no ano que vem justamente à espera das medidas que serão anunciadas (pelo governo Trump)”, ressaltou.
“Caso as medidas tenham impactos inflacionários adicionais, é muito possível que o Fed adote uma condução mais cautelosa nesse ciclo de corte de juros”, acrescentou.
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A projeção da XP do corte de juros promovido pelo Fed é que ele ocorra em uma reunião sim e em outra não no ano que vem, para uma taxa terminal de 3,5%.
“Mas isso não quer dizer que não possa ter turbulência nesse tempo e com certeza o Fed vai estar reagindo a tudo que for anunciado pelo governo. E isso tende a ter impacto na precificação de ativos globais”, afirmou.