Confira 9 ações que pagarão dividendos maiores que a Selic em 2021

Mesmo sem uma grande valorização em preço esses papéis pagam um rendimento superior ao da renda fixa

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), encerrada ontem, a taxa de juros Selic foi cortada em 0,75 ponto percentual, para 2,25% ao ano. Isso tornou a rentabilidade da renda fixa ainda menor, uma vez que a taxa é acompanhada pelo CDI, que é o principal benchmark de títulos públicos e privados.

Assim, quem quiser uma rentabilidade maior vai precisar alocar seu dinheiro em investimentos de renda variável. Felizmente, hoje há diversas ações que entregarão em dividendos um rendimento maior do que a taxa Selic.

Para verificar se um papel cumpre este requisito, basta analisar a métrica do dividend yield, dada pela divisão do valor esperado em dividendos pelo preço das ações. Se o dividend yield assim obtido for maior que a taxa básica de juros, então mesmo sem vender o papel o investidor já conseguiu um rendimento maior que o da renda fixa.

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Vale lembrar, contudo, que ações são mais arriscadas que a renda fixa e a flutuação do preço de alguns ativos pode acabar fazendo o investidor incorrer em perdas apesar dos dividendos distribuídos ao longo do ano.

Em relatório (veja mais clicando aqui), Betina Roxo, analista da XP Investimentos, elencou as ações que mais se tornaram atrativas depois dessa redução da Selic. Ela ressalta que, além da perda de rentabilidade da renda fixa, que acaba atraindo naturalmente investimentos para o mercado de ações, as empresas que possuem papéis listados na B3 também se beneficiam do efeito econômico da redução da Selic, que é reduzir o custo de capital.

Ou seja, como as companhias emitem títulos de suas dívidas como debêntures a taxas atreladas ao CDI, uma Selic menor significa que as empresas pagarão menos juros nesses títulos, de modo que a dívida fica mais barata.

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De acordo com Betina, os setores mais beneficiados por esse efeito são locação de veículos, shoppings, elétrico e varejo.

Contudo, vale ressaltar que o foco dos investidores está muito voltado aos rendimentos de 2021, com um cenário de lucros mais normalizado para as empresas, enquanto neste momento desafiador do curto prazo, algumas empresas podem segurar caixa ou terem seus dividendos reduzidos por questões regulatórias (como o caso dos bancos).

Confira na tabela abaixo as ações com maior dividend yield na Bolsa:

Empresa Ticker Dividend yield esperado para 2021
AES Tietê TIET11 10,4%
Engie EGIE3 8%
Cyrela CYRE3 7,5%
Taesa TAEE11 7,2%
CCR CCRO3 7,2%
Cesp CESP6 6,6%
Sanepar SAPR11 6,5%
Itaú Unibanco ITUB4 6,4%
Isa CTEEP – Transmissão Paulista TRPL4 6,3%

Saiba também as recomendações da XP para esses ativos e a explicação do porquê dessas ações pagarem bons dividendos.

AES Tietê, recomendação de compra

Além de ser uma companhia do setor elétrico – que historicamente possui receita e custos mais previsíveis e, portanto, consegue entregar lucros mais consistentes e dividendos idem – a geradora de energia AES Tietê ainda tem a prática de distribuir 100% do lucro líquido a seus acionistas com periodicidade trimestral.

No entanto, a analista não descarta a possibilidade dessa política ser alterada temporariamente diante dos investimentos programados no curto e médio prazo nos ativos do complexo eólico de Tucano.

“Apesar da companhia ter mantido a distribuição máxima de proventos no primeiro trimestre de 2020, acreditarmos que uma pausa nessa prática seria perfeitamente compreensível no contexto atual de incertezas”, escreve Betina.

Engie, recomendação neutra

Também no setor de geração de energia elétrica, a Engie se destaca pela capacidade diferenciada de se proteger dos efeitos de baixa incidência de chuvas, além de ter expandido sua atuação para os setores de transmissão de energia e transporte de gás, segundo Betina.

“Apesar disso, acreditamos que, assim como no exercício de 2019, no qual a empresa reduziu a distribuição de proventos de inicialmente 100% para 56%, o mesmo pode ocorrer novamente ao longo de 2020, dadas as previsões de desembolso de caixa de (1) R$ 2,7 bilhões em vencimentos de dívidas em 2020, (2) R$ 2,46 bilhões em investimentos previstos para o 2020, em comparação com nossa estimativa de [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] Ebitda para 2020 de R$ 5,76 bilhões”.

Por outro lado, Betina acredita que a Engie voltará a distribuir 100% dos lucros passado o período de incertezas do coronavírus.

Cyrela, recomendação de compra

Entre as construtoras, a Cyrela possui uma robusta geração de caixa ao mesmo tempo em que reduz seu patrimônio líquido, o que deve resultar em grandes distribuições de dividendos daqui para frente.

Entretanto, este processo deve ser temporariamente interrompido em 2020, visando preservar liquidez devido à baixa visibilidade do cenário econômico.

Taesa, recomendação neutra

No setor de transmissão de energia elétrica, o de receita e custos mais previsíveis, Taesa se destaca por ser uma empresa que provavelmente irá manter sua política de distribuição de 100% dos lucros aos acionistas.

“Sua posição de caixa de R$ 2,4 bilhões e nossa estimativa de EBITDA para 2020 de R$ 1,3 bilhão são suficientes para fazerem frente aos investimentos em 2020 de R$ 1,0-1,1 bilhão e vencimentos de dívida de R$ 734 milhões”, sumariza Betina.

CCR, recomendação neutra

Concessionária de rodovias, a CCR possui diversos projetos maduros em seu portfólio, na opinião da analista da XP, o que em conjunto com as margens elevadas desse modal permite certo grau de visibilidade sobre resultados futuros.

Todavia, “a CCR também atua nos segmentos de Mobilidade Urbana e Aeroportos, segmentos, segmentos que foram mais diretamente impactados pela queda de volumes associada à pandemia da COVID-19”.

Cesp, recomendação de compra

Atuando no setor de geração de energia, a Cesp deve ter seu lucro impactado de maneira significativa pelos efeitos da correção monetária dos seus contingentes passivos, mas Betina vê mesmo assim uma grande capacidade da empresa distribuir proventos aos acionistas.

“Tendo em vista a situação confortável de alavancagem da Cesp (em 1 vez no múltiplo Dívida Líquida / EBITDA, o menor endividamento do setor elétrico), a situação confortável de caixa de R$950 milhões e a existência de reserva de lucros, acreditamos que a companhia deve continuar a distribuir pelo menos o dividendo mínimo de R$1,85/ação, o que implica um dividend yield de 6,6%”, aponta.

Sanepar, recomendação de compra

Entre as companhias de saneamento, a Sanepar tem uma política de dividendos de distribuição do dividendo mínimo de 25% do lucro, além de 25% adicionais caso a situação financeira da empresa o permita, o que acontece desde 2012, com uma pausa em 2019, quando foram distribuídos 30% do lucro líquido.

“Por conservadorismo, estimamos que a Sanepar distribua menores dividendos em 2020 novamente no mesmo patamar de 2019, e retome a distribuição de 50% a partir de 2021, e estimamos um dividend yield de 7,9% entre 2020 e 2022”, avalia Betina.

Itaú Unibanco, recomendação neutra

Para a analista da XP, o Itaú combina um investimento de qualidade, com boa gestão e governança que se traduzem em menor beta e um payout historicamente acima da média do setor.

“Lembrando que o dividend yield de 2020 é prejudicado pela Resolução 4.797, que veda o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio acima do mínimo requerido de 25% ou do requerido pelo estatuto do banco em 2020”, pondera.

Isa CTEEP- Transmissão Paulista, recomendação neutra

Outra ação do setor de transmissão de energia, a Isa CTEEP paga 75% do lucro líquido em dividendos e tem R$ 2,66 bilhões em caixa. A projeção do Ebitda pela XP é de R$ 2,24 bilhões em 2020, mais que o suficiente para fazer frente à dívida de R$ 1,07 bilhão que vence este ano. Também sobra para a companhia fazer os R$ 1,5 bilhão em investimentos necessários.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.