Combinação de pequenos itens levou Petrobras a ficar abaixo do esperado, diz analista

Embora com estimativas abaixo do esperado no 1T24, a estatal continuou a gerar fluxo de caixa substancial

Augusto Diniz

Conteúdo XP

No balanço da Petrobras (PETR4) do 1T24, o Ebitda ficou 6% abaixo da expectativa da XP, enquanto o lucro líquido foi 2% a menos do que o estimado. O resultado também refletiu no pagamento de proventos.

A Petrobras anunciou dividendos e Juros sobre Capital Próprio (JCP) de US$ 2,8 bilhões (incluindo recompra de ações), quando a casa tinha US$ 3,2 bilhões como expectativa.

Helena Kelm, analista de óleo, gás e petroquímicos do research da XP, participou esta manhã do Morming Call da XP e analisou o desempenho financeira da estatal no primeiro trimestre do ano.

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“É natural os investidores quererem saber de onde vem essa quebra diante das expectativas e saber se esses resultados podem ou não significar revisão generalizada das projeções do mercado, mas não é bem o que a gente espera”, afirmou.

Petrobras (PETR4): produção caiu por conta de manutenção

“Não houve um único fator para que esse resultado ficasse abaixo de nossa expectativa, mas a combinação de pequenos itens”, disse a analista durante o programa.

“Começando pela produção, que caiu 5% de trimestre para trimestre por conta de parada para manutenção, o que já era esperado. Mas isso acabou gerando aumento de lifting cost (custo de produção) e, portanto, as margens de exploração e produção ficaram mais pressionadas”, ressalta.

Custos maiores

Kelm cita também que as despesas com vendas, gerais e administrativas também contribuíram para um resultado negativo, assim como outros custos, como paradas para manutenções, provisões judiciais e remuneração variável.

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“Quando a gente olha o fluxo de caixa nas operações, ele praticamente ficou em linha com as nossas expectativas. Isso é um indício que no demonstrativo de resultado da Petrobras tem um alto valor de itens que eles não tiveram efeito caixa”, explicou.

Alavancagem baixa

“A geração de caixa foi bem forte. A gente vê que a empresa está com a alavancagem bem baixa. Com isso, questiona-se qual vai ser o destino desses recursos”, destaca.

Para a analista, não se sabe se esses recursos serão transformados em dividendos extraordinários ou vai se ver em algum momento operações de fusão e aquisição.

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“Deve ter uma combinação das duas coisas, com (pagamento de) dividendos e movimentos de fusão e aquisição. Tem a possibilidades de investimentos, como na refinaria Mataripe (BA) e na Braskem, que a gente sabe que a Petrobras está olhando”, disse.

Dividendos semelhantes nos próximos trimestres

Sobre o pagamento de dividendos para frente, ela crê que se mantenham no nível semelhante do que se viu no primeiro trimestre. “Mas se essas potenciais aquisições não se realizarem, a gente vê um potencial maior de subir o yeld (rendimentos)”, acrescentou.

“A Petrobras está gerando bastante caixa e esse caixa terá que ter algum destino”, enfatizou.