Com dívida perigosa e geração de caixa caindo, Fitch corta rating da Bandeirantes para ‘CCC’

Os rebaixamentos dos ratings da RTB, segundo a Fitch, refletem a fraca liquidez da companhia e a significativa erosão de seu Ebitda em 2016

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou nesta sexta-feira (7) o rating de longo prazo em moedas estrangeira e local da Rádio e Televisão Bandeirantes de “B” para “CCC”.  Ao mesmo tempo, a agência rebaixou o rating nacional de longo prazo para de “BBB-(bra)” para “CCC(bra)”.

Os rebaixamentos dos ratings da RTB, segundo a Fitch, refletem a fraca liquidez da companhia e a significativa erosão de seu Ebitda em 2016, devido à redução da demanda por publicidade em meio às condições econômicas desafiadoras no Brasil. Além disso, a agência cita o alto risco de refinanciamento da companhia, dada a sua dependência de empréstimos bancários de curto prazo com elevadas taxas de juro em meio ao fraco desempenho.

“A flexibilidade financeira da RTB permanece limitada, devido à sua posição de caixa precária, e a companhia pode enfrentar um acesso limitado ao crédito, caso não demonstre sinais de recuperação do desempenho em 2017”, disse a Fitch em relatório.

Continua depois da publicidade

A agência acredita que a empresa continuará a enfrentar flexibilidade financeira limitada, à medida que sua dívida de curto prazo for vencendo, o que exigiria o apoio contínuo dos bancos para a extensão de crédito com elevadas taxas de juros. Enquanto isso, o perfil de liquidez da RTB permanece fraco, dada a alta proporção da dívida de curto prazo, que era de R$ 302 milhões e representava 37% da dívida total em setembro de 2016.

A Fitch não acredita que o alto risco de refinanciamento da RTB seja aliviado a médio prazo, devido à lenta recuperação do fluxo de caixa em meio ao difícil ambiente operacional. “Os desafios operacionais permanecem, uma vez que a RTB pretende executar as suas iniciativas de redução de custos, enquanto assegura a atratividade do conteúdo para melhorar a geração de fluxo de caixa e cobrir confortavelmente suas elevadas despesas financeiras”, disse a agência.

A expectativa da Fitch é de que a RTB registre geração de fluxo de caixa livre (FCF) negativo durante 2016, devido à deterioração do Ebitda e às elevadas despesas com juros. A estimativa é que o Ebitda tenha se reduzido para um valor abaixo de R$ 200 milhões, ante os R$ 275 bilhões de 2015. Durante os 9 primeiros meses do ano passado, o resultado foi de R$ 108 milhões.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, qualquer recuperação considerável do Ebitda em 2017 poderia ser desafiadora, diante da fraca perspectiva de demanda por publicidade e pela ausência de conteúdo da companhia para transmissão de grandes eventos esportivos, disse a Fitch.

A Fitch prevê ainda que as elevadas despesas de juros da companhia, estimadas entre R$ 140 milhões e R$ 150 milhões em 2017 e 2018, devem consumir a maior parte de sua geração de fluxo de caixa operacional. Sem qualquer redução da dívida, a agência prevê que a alavancagem líquida da companhia deverá permanecer em torno de 5,0 vezes a médio prazo.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.