Colunista InfoMoney: Otimismo será o tema de 2010?

Expectativa para a retomada da economia global é grande, porém otimismo no Brasil é maior ainda; País receberá mais divisas

Reginaldo Siaca

A expectativa para a retomada da economia global é grande, principalmente nos EUA. Contudo, o compasso deste crescimento está direcionado a outros países, com o Bric (Brasil, Rússia, China e Índia) em um primeiro momento e, posteriormente, os demais emergentes e a Europa.

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Depois de alguns meses de incertezas sobre a retomada da economia, agora estamos com a sensação de volta do crescimento, mas não na mesma forma vista no período pré-crise.

Particularmente no Brasil, a certeza de crescimento gira em torno de 5% a 5,5% do PIB (Produto Interno Bruto). Caso esse patamar seja atingido, será um excelente crescimento depois da crise. Porém, para o País atingir tal perfomance, o governo vai ter que monitorar todo o modelo de crescimento, pois teremos diversos fatores para serem estudados e analisados.

O primeiro cuidado a ser tomado está no mercado de câmbio, visto que o real foi a moeda que mais se valorizou diante do dólar. Quanto às demais moedas, caso do euro, do iene, da libra e do dólar canadense, a valorização foi consoante, porém de menor intensidade.

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Esse fator atinge diretamente a balança comercial. As exportações brasileiras, no ano de 2009, ficaram 22% abaixo de 2008, uma das piores variações das ultimas décadas. Apesar dos preços de algumas commodities terem se recuperado, alguns produtos – como soja e carne – caíram, pois a valorização do real está afetando diretamente os exportadores.

O governo brasileiro tenta manter o patamar do dólar no patamar mínimo de US$ 1.70. Contudo, a tarefa é difícil. A primeira medida que teve pequeno impacto foi a tributação do IOF de 2% em bolsa e renda fixa. De imediato, o dólar se valorizou, mas em alguns dias já voltou a mostrar depreciação. Mesmo com a tributação dos ADRs (American Depositary Receipts) e das notícias de que o BaCen limitaria posição vendida dos bancos, nada aconteceu.

Neste meio tempo, ministro Mantega informou que o governo estava elaborando novas medidas e regras para o câmbio, com mais incentivos e maior abertura para o mercado. Com o suspense de 30 dias da divulgação, o mercado operou em torno de US$ 1,75. Caso não houvesse a expectativa, o real já estaria abaixo de US$ 1,70.

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“O nosso real foi
uma das moedas que
mais se valorizou em
relação ao dólar”

Estamos iniciando janeiro de 2010 com a valorização do real frente ao dólar.Logo, começamos novamente o ano com o mesmo problema. Na realidade, o governo ainda não tem nadaefetivo para inovar. O ideal seria uma reforma mais concreta, principalmente na área fiscal.

Recentemente, foi criado o fundo soberano por medida provisória, mas ainda não sabemos como será o procedimento de compra. O País acumula atualmente cerca de US$ 239 bilhões, um aumento expressivo nas reservas. Contudo, cabe ressaltar que o custo de carregamento desta posição é muito elevado para o Brasil e a tendência será de aumento de reservas.

Quanto à bolsa, não foi diferente: uma excelente performance, uma das melhores do mundo. De acordo com algum especialista, deverá haver recuperação de, no mínimo, mais 20%, podendo atingir 85.000 pontos. Lógico que, neste meio tempo, teremos realizações.

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Caso a projeção se concretize, o Brasil receberá mais divisas, o que compromete mais uma vez a valorização do real. Além disso, teremos mais IPO em 2010.

Uma outra observação: a valorização da nossa bolsa em relação ao dólar é muito interessante e, ao mesmo tempo, um pouco desconfortável. O que fortaleceu a bolsa foi o aumento de pequenos investidores, dado que o segmento de home broker está perto de 30 % do volume negociado – e esse número tende a aumentar ainda mais neste ano.

Referente à taxa de juros, a expectativa é de alta moderada, pois teremos o ano de eleições. No entanto, a inflação será monitorada durante o ano inteiro, para não  ter surpresa.

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Que venha 2010 com toda força, pois o mercado precisa reagir de forma concreta, sem bolha aparente pela frente.