Citi eleva Natura para compra pós-venda da The Body Shop e rebaixa RD; ações reagem

Para a Natura, Citi aposta em integração de marcas na América Latina enquanto considera rentabilidade de RD pressionada

Camille Bocanegra

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As ações da Natura&Co (NTCO3) tiveram forte alta e as da RD, ex-Raia Drogasil (RADL3), queda, seguindo as recomendações do Citi para as empresas de varejo e consumo. Nesta quarta-feira (31), os ativos NTCO3 subiram 3,43% (R$ 16,00) com o banco elevando recomendação para compra, enquanto RADL3 caíram 3,62% (R$ 25,30) após ser cortada para venda.

Confiança na administração e expectativas de melhor integração das marcas Natura e Avon baseiam a visão positiva do Citi para Natura&Co (NTCO3) em 2024. Em revisão de recomendação, a divisão de análise do banco classificou a companhia como “compra” ante visão anterior neutra, mas com a ressalva de “alto risco”. A expectativa é que a venda da The Body Shop, concluída no ano passado, reduza a complexidade da operação e permita que a administração possa focar integração na América Latina.

A visão de “alto risco” baseia-se nos possíveis desafios de execução e potenciais obstáculos durante o processo. Mas, ainda assim, o Citi considera que a administração merece o “benefício da dúvida” em relação à convergência de margem para a operação da América Latina em 16%.

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O segundo ponto da tese de investimento é o potencial de geração de caixa movido pelo ciclo eficiente de caixa. Além disso, o Citi destaca que os gastos mais limitados também ajudam nas boas expectativas para forte geração de caixa.

O banco também majorou suas estimativas para o nome, considerando que a expansão de margem poderia trazer um yield do fluxo de caixa livre (FCFE, na sigla em inglês) de 7% para 2025 e 10% para 2026. Há expectativa também de crescimento dos lucros na análise, com taxa de crescimento do lucro por ação de 40% entre 2024 e 2027. O Citi estima que, com essa taxa de crescimento, o múltiplo do preço sobre lucro (P/L, na sigla em inglês) ficaria em 24 vezes para 2024 e 14 vezes para 2025. O valuation é visto como atrativo, considerando os concorrentes e o histórico da companhia.

A receita de compras para Latam foi reduzida mas a margem para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foi elevada para refletir a visão mais construtiva do Citi sobre a integração de Avon e Natura. Além de elevar a recomendação para compra, com a ressalva de alto risco, o preço-alvo subiu de R$ 15 para R$ 21, ou um potencial de valorização de 36% frente o fechamento da véspera.

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Já para RaiaDrogasil (RADL3), as notícias não são tão positivas e a análise do Citi revisou a recomendação da companhia de neutra para venda, com queda do preço-alvo de R$ 27 para R$ 24 (ou queda de 9% frente o fechamento da véspera). A visão do banco é que o ponto de entrada para o nome pode se apresentar quando as expectativas para os resultados da companhia se ajustarem para baixo.

O banco reforça que mantém a visão favorável para o nome em relação à execução e as oportunidades de longo prazo na indústria farmacêutica brasileira. Contudo, é esperado que haja uma desaceleração da receita e isso traria impacto para a alavancagem operacional. Combinado com despesas gerais e administrativas persistentemente elevadas, além de mudanças fiscais, esses fatores devem continuar pressionando a rentabilidade.

Pautado nesse cenário, o Citi reduziu as projeções de lucro em 19% para 2024 e 21% para 2025. Além disso, o banco considera que o nome negocia a múltiplos muito elevados de 37 vezes a relação entre P/L para 2024 e 30 vezes a relação para 2025. A expectativa torna-se ainda mais pessimista ao considerar que surpresas positivas nos resultados são menos prováveis ainda que no passado.