China pode provocar uma crise pior que de 2008, prevê “Dr. Apocalipse”

Marc Faber vê que endividamento do gigante asiático pode nos levar a uma situação ainda pior do que a de 5 anos atrás; ele não é o único preocupado com os chineses

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Um boom de crédito em países como a China significa que o mundo está em uma posição pior do que estava em 2008, quando a crise financeira global derrubou o mundo para uma prolongada recessão. É o que afirma Marc Faber, investidor suíço conhecido como o “Doutor Apocalipse” por suas previsões nada positivas e bastante conhecido por ter previsto a estagnação japonesa, em entrevista à rede norte-americana CNBC na última sexta-feira. 

“Se eu estou dizendo que houve uma crise de crédito em 2008 por causa da grande quantidade de crédito nos EUA, hoje há muito mais crédito como porcentagem da economia agora”, aponta, o que nos coloca numa posição pior. E cita, em particular, o caso da China, que a percentagem do crédito na economia cresceu 50% nos últimos quatro anos e meio, a maior velocidade em toda a Ásia.

E ele não está sozinho ao apontar as preocupações com a China, uma vez que diversos economistas já apontaram preocupação com o forte crescimento do crédito no país, mesmo que as autoridades chinesas tentem tranquilizar o mercado sobre isso. 

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De acordo com o Barclays, Singapura tem um dos mais altos níveis de endividamento das famílias em relação ao PIB na Ásia em 75% ante 63% em 2010, como taxas de juros baixas incentivadas empréstimos. “Isso vai acabar mal e a questão é se teremos uma crise econômica menor e, em seguida, iremos imprimir dinheiro ou entrar em uma espiral inflacionária primeiro”, Faber acrescentou.

Cingapura e Hong Kong têm visto os preços dos imóveis disparam nos últimos anos, levando a uma onda de medidas em ambos os centros financeiros asiáticos para conter este movimento. 

Nos últimos meses, há alguns sinais de que as autoridades chinesas tomaram medidas para conter o crescimento do crédito e o aperto de crédito à disposição dos bancos nos mercados monetários. O investidor também expressou preocupação sobre o aumento do endividamento das famílias na Ásia. 

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“A dívida pública não subiu muito, mas a dívida familiar sim”, disse Faber.” Na Tailândia, onde passo muito tempo, não tivemos recessão, mas não tivemos crescimento também. O mesmo acontece em Cingapura e Hong Kong”. 

Faber não é o único
Mas, o pior de tudo é que Marc Faber não é o único que está preocupado com essa situação. O estrategista do Deutsche Bank, John-Paul Smith, destacou que o modelo de crescimento da China continua se baseando numa dívida cada vez maior, o que aumenta a vulnerabilidade do país e dos mercados financeiros a quaisquer perdas de potencial investidores e credores.

Em nota , Smith destacou que, nos últimos três anos, teve preferência pelos mercados emergentes. Mas agora, há uma visão negativa para esses mercados, em contraponto a uma visão mais positiva para os mercados acionários dos EUA , ressalta.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.