China conquista mais um espaço no mercado financeiro global – e isso pode “tirar” US$ 3,5 bilhões do Brasil

MSCI anunciou que irá mais do que quadruplicar a contribuição de ações de empresas da China em seu influente índice de mercados emergentes - o que pode tirar dinheiro do mercado nacional

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No final da última semana, um evento marcou uma importante mudança para o mercado da China, representando mais uma etapa de uma revolução para o cenário financeiro global (saiba mais clicando aqui). 

O provedor de índices MSCI (Morgan Stanley Capital International) anunciou que irá mais do que quadruplicar a contribuição de ações de empresas da China em seu influente índice de mercados emergentes, que é seguido por diversos fundos passivos e ativos pelo mundo. Isso tornará os papéis negociados nas Bolsas de Xangai e Shenzhen muito mais relevantes para investidores globais. 

O MSCI informou que seguirá adiante com uma proposta, apresentada em setembro do ano passado, de ampliar o “fator de inclusão” de ações chinesas em seus índices, de 5% para 20%. Com isso, o peso de ações da China no índice MSCI de mercados emergentes saltará para 3,3% até novembro, quando o MSCI planeja implementar o terceiro e último aumento, ante cerca de 0,7% atualmente.

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A expectativa é de que a decisão atraia cerca de US$ 80 bilhões em novos fluxos estrangeiros para os mercados acionários da China, que têm valor estimado em US$ 6,7 trilhões, conforme destacou Chin Ping Chia, chefe de pesquisas para Ásia e Pacífico do MSCI.

Enquanto a China teve um aumento relevante na sua participação para os mercados emergentes, as ações de outros países – incluindo o Brasil – serão impactadas negativamente dado o rebalanceamento das carteiras.

Vale destacar que uma pesquisa feita junto ao MSCI avalia que há um volume de US$ 1,6 trilhão em ativos atrelados ao índice MSCI Emerging Markets Index. Ou seja, essas mudanças terão impactos significativos em todos os emergentes que estão nesse índice. 

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No caso do Brasil, a participação que era de 7,7% deve registrar uma queda para 7,5% até novembro dentro do portfólio dos emergentes. Isso deve representar, de acordo com estudo obtido pelo InfoMoney, uma saída de US$ 3,5 bilhões (sendo US$ 2,7 bilhões de fundos ativos e US$ 800 milhões de fundos passivos) do mercado brasileiro. 

Isso corresponderia a um valor de R$ 13,3 bilhões, o equivalente a um pouco menos de um dia de volume negociado na bolsa brasileira, considerando a média de R$ 14,8 bilhões dos últimos três pregões. 

Assim, os valores são bastante consideráveis, mas não devem gerar um fluxo imediato ou intenso de saída de capitais do Brasil, conforme ressaltou um gestor ao InfoMoney. Um dos motivos para isso é que a elevação da participação chinesa acontecerá em três etapas este ano, sendo a primeira em maio, a segunda em agosto e a terceira em novembro.

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Em 2017, a inclusão de ações chinesas no MSCI pela primeira vez foi considerada uma revolução pela gestora britânica Ashmore Group. “Esse é um passo inexorável para a entrada e eventual domínio da China no sistema financeiro global”, destacou. 

O chefe de pesquisa da gestora, Jan Dehn, apontou que compromisso por parte dos líderes da China para a inclusão do país no sistema financeiro mundial é inequívoco. “Esse compromisso não é impulsionado por algum capricho ideológico, mas sim por um simples percepção de que a entrada nos mercados de capitais globais é essencial para o futuro crescimento e desenvolvimento do país”, afirmou na época.

Assim, esse forte aumento de participação no MSCI representa um novo avanço para o mercado de capitais chinês, que até poucos anos atrás era visto como obscuro e pouco transparente pelos principais organismos internacionais.

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E, conforme ressalta o Credit Suisse, um aumento acima dos 20% anunciados pelo MSCI pode acontecer. Contudo, ainda deve depender da capacidade das autoridades chinesas de endereçar alguns problemas do mercado local. Dentre eles, hedge e derivativos.

Desta forma, a China está entrando de vez no mapa do mercado financeiro, o que pode, à primeira vista, impactar negativamente o Brasil. Porém, não há motivos para pânico para quem investe no País, principalmente porque a operação se dará em etapas.

De qualquer forma, vale monitorar a atuação das autoridades chinesas com relação ao mercado financeiro – elas podem dar boas indicações de tendências que podem acontecer também na bolsa brasileira. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.