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A CCR (CCRO3) venceu a Rota Sorocabana, o primeiro trecho relicitado da ViaOeste, com uma oferta a princípio agressiva de R$ 1,601 bilhão, ágio de 267.835% em relação ao valor mínimo de R$ 597,5 mil estipulado. Pátria e EPR também participaram do leilão, ofertando R$ 1,09 bilhão e R$ 864 milhões, respectivamente.
Contudo, na sequência, a companhia realizou reunião com mercado que, na opinião da XP investimentos, reduziu as preocupações com lances excessivos.
Apesar do robusto pipeline de novos projetos à frente, segundo a XP, a CCR viu características únicas neste projeto: (i) a concessão está situada em uma região com crescimento sólido e demanda bem conhecida; (ii) a CCR tem um forte histórico regulatório com o estado de São Paulo; (iii) inovação tecnológica, com pedágio totalmente em formato de “fluxo livre”; (iv) risco de demanda reduzido devido a mecanismos de compartilhamento de risco; e (v) complexidade de capex relativamente baixa, com possíveis alterações contratuais no horizonte.
O Banco Safra viu, contudo, a notícia do arremate no leilão como ligeiramente negativa para as ações CCRO3, uma vez que prevê um valor presente líquido de R$ 269 milhões e uma taxa interna de retorno (TIR) alavancada real de 6,7%, 10 pontos-base (bps) abaixo do título público indexado à inflação a 10 anos (NTN-B) e 570 bps abaixo da nossa TIR projetada para o portfólio da empresa, de 12,4%.
Além disso, o Safra espera que a alavancagem da empresa medida por sua dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) atinja 3,4 vezes no primeiro trimestre de 2025 (1T25), acima da estimativa anterior de 3,2 vezes e 3,1 vezes no 2T24.
Em relação à teleconferência com investidores para detalhar os fundamentos de sua oferta, os executivos apontaram que a CCR projeta que a receita da Rota Sorocabana seja significativamente maior do que a apresentada nas estimativas do projeto, em 20 a 25%, o que levaria seu VPL (Valor Presente Líquido) para um valor positivo.
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Além disso, a taxa de concessão não deve aumentar o efeito alavancagem da holding, apenas o da SPE (Sociedade de Propósito Específico), enquanto que o pagamento da taxa de concessão será mantido em uma conta bloqueada em nome da concessão e deverá ser usado para mitigar quaisquer desequilíbrios financeiros no seu contrato.
O Bradesco BBI comenta que a oferta de R$ 1,601 bilhão parece agressiva, mas seu valor estratégico para a CCR e o retorno agregador podem justificar essa oferta.
Na visão do BBI, com a Rota Sorocabana nas mãos da CCR, a companhia é novamente a candidata favorita para vencer o leilão de Nova Raposo no dia 28 de novembro, tendo em vista que também faz parte da CCR ViaOeste e a Rota Sorocabana e a NovaRaposo combinadas podem ter sinergias operacionais.
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Segundo cálculos do BBI, a TIR alavancada da operação pode atingir 13,7%, adicionando R$ 0,40 por ação.
Embora reconheça o VPL negativo sob as premissas do governo, o Goldman Sachs observa que, como percentual do valor de mercado, isso é relativamente pequeno e corrobora com a visão de espaço limitado para criação ou destruição de valor potencial na CCR. Além disso, o banco destaca que a competição por ativos pode pressionar os retornos para baixo, aproximando-os do custo de capital.
O Goldman Sachs manteve recomendação de venda para CCR e preço-alvo de R$ 13,60, pois além do espaço limitado para criação de valor com novos projetos, a companhia é negociada com uma TIR real de aproximadamente 9%, oferecendo um spread de cerca de 230 pontos-base em relação às taxas reais livres de risco (abaixo da média histórica de aproximadamente 350 pontos-base).
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Já o JPMorgan comenta que a gestão da CCR espera uma TIR alavancada de dois dígitos médios em termos reais e uma TIR não alavancada de um dígito alto em termos reais. O banco manteve classificação de compra e preço-alvo de R$ 17,50.