CCR: o que a ausência sentida no leilão do trem SP-Campinas mostra sobre a companhia

Notícias apontaram possível participação da companhia no leilão, mas companhia não fez proposta

Felipe Moreira

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Uma ausência bem sentida no leilão do Trem Intercidades (TIC) São Paulo-Campinas ocorrido na última quinta-feira (31) foi a CCR (CCRO3).

O Grupo Comporte, controlado pela família Constantino, fundadora da Gol (GOLL4), em consórcio com a CRRC (grupo chinês), foi o único proponente, vencendo assim o leilão ao oferecer um desconto de apenas 0,01% no pagamento inicial.

Para analistas, a “não participação” da CCR no leilão traz sinais positivos sobre a companhia. Segundo o JPMorgan, ela reforça a estratégia de alocação de capital mais conservadora da empresa, baseada em retornos de risco-recompensa e considerando o amplo pipeline de novos leilões pela frente.

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O Bradesco BBI, por sua vez, comenta que a decisão de se abster deste leilão, juntamente com o fato de que a CCR não participou dos últimos três leilões de concessões de rodovias, corrobora com a visão de que a empresa continuará a buscar seletivamente oportunidades de crescimento que ofereçam retornos e risco adequados.

Além disso, segundo o BBI, a CCR pode ter tomado a decisão de preservar seu balanço para potencialmente concorrer a: 1) BR-040 em 11 de abril; 2) Litoral Paulista em 16 de abril; e 3) ViaOeste. Esta última será relicitada no final de 2024 e pode demandar R$ 17 bilhões de investimentos. Na opinião do BBI, este é um ativo estratégico para a CCR, e a empresa é a candidata favorita para vencer este leilão, pois está atualmente operando esta concessão.

O BTG Pactual interpreta a decisão da CCR como uma opção de alocação de capital conservadora, uma vez que a proposta vencedora foi surpreendentemente conservadora, oferecendo um desconto de 0,01% na parcela anual do governo. Para os analistas, a decisão marca outro exemplo de melhoria na alocação de capital sob a nova gestão e equipe de acionistas.

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Por outro lado, segundo o BTG, a CCR ganha um novo concorrente no segmento. Dada a performance estável da ação, o banco acredita que o mercado está atualmente avaliando o argumento da concorrência. Em termos de riscos de tráfego (mudança de rodovia para ferrovia), analistas lembram que o contrato do AutoBAn assume riscos de mitigação de tráfego a partir de 2027, portanto, não há necessidade de reequilíbrio.

O time de análise do BTG disse gostar da estratégia conservadora da CCR, especialmente devido ao significativo capex e riscos de execução do projeto. Dado o grande pipeline de infraestrutura, a empresa pode ser seletiva.

O TIC é um trem de passageiros de nova construção que conecta São Paulo a Campinas e Jundiaí (no interior do Estado). É uma concessão de 30 anos, com um investimento total de R$13,5 bilhões em Capex e foi modelado como uma Parceria Público-Privada (PPP), o que significa que o Estado deve pagar até R$ 8,06 bilhões no início do projeto para financiar as obras de construção e até R$ 8,9 bilhões ao longo do projeto. No total, o governo garantiu mais de 90% das receitas, o que deve limitar o risco de receitas.

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O JPMorgan mantém classificação overweight (acima da média do mercado) para a CCR e preço-alvo de R$ 16,50, que está sendo negociada com uma Taxa Interna de Retorno (TIR) de 11%. O Bradesco BBI e BTG também reiteram avaliação equivalente à compra e preço-alvo de, respectivamente, R$ 18 e R$ 19.

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