“Cassino” DeFi precisa de novo regulador global, defende conselheiro do BC alemão

Joachim Wuermeling criticou as finanças descentralizadas enquanto o Financial Stability Board prepara um manual para o setor de criptos

CoinDesk

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Um funcionário do banco central alemão defendeu a criação de uma entidade normativa internacional, similar à dos bancos, para supervisionar inovações financeiras tecnológicas como as finanças descentralizadas (DeFi), as quais chamou de “cassino para especuladores”.

Joachim Wuermeling, membro do conselho executivo do banco central alemão e responsável por supervisão bancária e TI, pediu por discussões imediatas sobre como tratar o segmento de finanças com base em blockchain, setor que cresce rapidamente e que, na sua visão, pode acabar com os bancos.

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“Para mim, DeFi parece mais como um cassino para os especuladores que entendem de tecnologia”, afirmou Wuermeling em discurso nesta quinta-feira (2).

A declaração vem após solicitação ao organismo internacional de reguladores e bancos centrais Financial Stability Board (FSB) para que desenvolva novas regras para o setor de criptomoedas, em meio a um intenso debate sobre a maneira correta de regular serviços financeiros que operam sem intermediários.

O DeFi “está crescendo rapidamente e isso também pode ocorrer com as suas conexões com o resto das finanças e da economia… precisamos discutir opções regulatórias agora”, acrescentou. Wuermeling disse, porém, que “ainda há muitos obstáculos a serem ultrapassados” para essa tecnologia se tornar mais popular.

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“Eu consigo imaginar um fórum global similar ao Comitê de Supervisão Bancária da Basileia… que pode estabelecer regras básicas globais para inovação digital”, disse Wuermeling, referindo-se à organização normativa internacional para concessores de empréstimo tradicionais, como o Deutsche Bank e o JPMorgan Chase.

“A digitalização não tem fronteiras”, disse. “É por isso que precisamos nos organizar além das fronteiras nacionais quando desenvolvemos uma regulação.”

Grandes nações desenvolvidas já solicitaram que o FSB acelere as regulações para as criptomoedas serem tratadas como finanças regulares. Um porta-voz do FSB disse ao CoinDesk que esse trabalho ainda não tinha um prazo, mas um relatório diferente sobre as stablecoins deve ser publicado em outubro.

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As opiniões estão divididas sobre como exatamente essas regras, feitas para regulamentar entidades centralizadas específicas (como bancos e fundos), vão ser aplicadas no mundo de DeFi.

Atividades, não entidades

Um estudo recente feito pelo Observatório Blockchain, da União Europeia, chegou à conclusão de que a abordagem dos reguladores seja focada em regular atividades como empréstimos e investimentos, e não instituições específicas. Enquanto isso, um relatório publicado ontem pelo Bank for International Settlements (BIS), do qual fazem parte o FSB e o Comitê de Supervisão Bancária da Basileia, defende uma abordagem conhecida como supervisão incorporada, na qual reguladores têm uma visão privilegiada do código DeFi.

Outros, como Joshua Ellul, diretor do Centre for Distributed Ledger Technologies, da Universidade de Malta, sugerem uma abordagem passo a passo, na qual inicialmente os aplicativos DeFi devem apontar fiduciários concretos para cumprir obrigações regulatórias, como auditorias.

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“Ao longo do tempo, quando os reguladores perceberem que isso funciona, podem até dizer ‘você não precisa de um contador’ e podem remover essa obrigação”, afirmou Ellul à CoinDesk. “Eu não vejo isso como uma regulação descentralizada imediata e completa, mas a remoção gradual de certos pontos centralizados.”

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