Caminho da privatização do BB é fácil, mas é uma decisão política, diz presidente do banco

Rubem Novaes acredita que o BNDES e a Caixa Econômica já são suficientes para o Brasil em termos de bancos públicos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Rubem Novaes, voltou a defender nesta quarta-feira (29) a privatização da instituição, apesar de ressaltar que isso não está sendo estudado pelo atual governo.

Falando em evento do Credit Suisse, em São Paulo, ele afirmou que o fato de ser um banco público ajudou o BB por muitos anos, mas que estas vantagens não existem mais. “O BB foi uma entidade pública que perdeu todos os bônus de ser uma entidade pública”, disse.

E neste cenário, ele apontou que a privatização do banco seria bastante favorável. “O caminho da privatização do BB é muito fácil […] basta fazer uma operação no mercado e você deixa de ter todas essas amarras”.

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Apesar disso, ele ressaltou que privatizar o banco é “uma decisão política” e que atualmente nem o presidente Jair Bolsonaro e nem o Congresso são a favor.

Por outro lado, Novaes acredita que o BNDES e a Caixa Econômica já são suficientes para o Brasil em termos de bancos públicos, o que poderia ajudar no futuro na privatização do Banco do Brasil.

“Eu acho que com o tempo e a classe política, de uma maneira geral, vai se convencer de que o papel do BNDES e da Caixa já suprem a necessidade de um banco público e que o Banco do Brasil poderia estar liberado para uma privatização”, afirmou reforçando, porém, que o assunto não está em discussão com o governo.

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Além disso, o executivo rebateu críticas que são feitas quando o assunto é privatização de que o banco iria “abandonar o setor rural”, em que ele tem forte atuação: “Não existe esta hipótese”, afirmou.

Concorrência das fintechs

Durante o evento, Novaes também avaliou que 2020 será um ano difícil para o setor bancário, que terá de lidar com mais concorrência com as fintechs e a queda de juros, que “atrapalha um pouco”.

Com esta ideia, ele disse a jornalistas após o painel que o banco estuda a possibilidade de um concurso direcionado para a área de tecnologia, como forma de atrair talentos.

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Para ele, o BB precisa modernizar toda sua estrutura e citou a possibilidade de parcerias futuras com fintechs.

“Não é só uma questão de modernização de produtos. A questão também é de modernizar rapidamente a estrutura toda do BB, digitalizar”, afirmou reforçando que a instituição precisa se “adaptar rapidamente ao mundo novo”.

“Em 5 a 10 anos, se não houver uma grande transformação no banco, nós vamos sofrer muito”, completou.

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Apesar das dificuldades, ele afirmou que a atividade econômica deve se acelerar, com o crescimento na margem do banco podendo chegar a 3% este ano, o que deve estimular a demanda por crédito.

Sem pressão do governo

O executivo afirmou ainda que não “sente pressão” do governo para a instituição reduzir os juros cobrados no crédito.

“Meu mandato é maximizar resultados e não ajudar a reduzir taxas de juros”, disse, ao ser questionado sobre uma eventual pressão do Planalto para reduzir o spread bancário. A declaração foi dada em evento do Credit Suisse com investidores.

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Novaes afirmou que o governo entende que o BB é uma empresa de capital aberto, listada em Bolsa e que precisa dar satisfação aos acionistas.

“O que vai ajudar a reduzir juros é a competição bancária”, disse ele, ressaltando que qualquer movimento diferente disso será prejudicial para a economia e para o próprio banco.

Banco Votorantim e Cielo

Questionado sobre alternativas à privatização, Novaes disse que “os ativos mais importantes” que poderiam ser vendidos já foram desfeitos, mas comentou sobre sair de parte do Banco Votorantim.

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Segundo ele, a empresa está preparando um IPO e o BB irá aproveitar a oportunidade para sair de “um pedaço” da controlada, mas na mesma proporção que outros sócios.

“O BV está sofrendo um processo de modernização espetacular e nós esperamos que seja um sucesso esse IPO”, completou.

Já sobre uma possível venda da participação na Cielo, o presidente do BB negou, apesar de dizer que a companhia está “em um momento difícil”. Para ele, a ideia é “encontrar caminhos melhores para ela”.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.