Por que o dólar fechou estável apesar do dia de forte alta da bolsa?

Além do cenário técnico, mudou o rumo do câmbio nesta terça a fala do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Os mercados ocidentais amanheceram em clima de alívio após o pânico da véspera em meio ao acirramento da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Porém, se de um lado o Ibovespa fechou com alta de 2%, o dólar, que começou o dia em queda, virou para alta e acabou encerrando o dia estável nesta terça-feira (6).

O dia foi marcado por uma pequena trégua entre os dois países como consequência do movimento da China para estabilizar a sua moeda. O Banco Popular da China (PBoC) definiu a correção diária do câmbio em nível mais forte do que os analistas esperavam, o que ajudou a aliviar a tensão entre os investidores.

Durante a manhã, o dólar chegou a cair quase 1% e bater os R$ 3,94, mas ganhou força em dia instável diante de sua maior sensibilidade ao noticiário, chegando aos R$ 3,98. A moeda, porém, voltou a perder força e fechou com leve queda de 0,03%, a R$ 3,560 na venda.

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Além do cenário técnico, mudou o rumo do câmbio nesta terça a fala do presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, que disse ser prematuro o apelo por cortes adicionais de juros agora.

Em entrevista a Bloomberg, Cleber Alessie, operador de câmbio da H. Commcor, avaliou que o movimento de hoje “é muito mais técnico“. “A fala de Bullard contribui, reforçando o movimento. Mas embora a declaração dele jogue contra o corte, ninguém está rasgando a aposta de corte em setembro. Correção de hoje é frágil, delicada”, avalia.

Segundo José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, o principal ponto para o mercado acompanhar é se Donald Trump irá elevar as tarifas impostas contra US$ 300 bilhões de produtos chineses de 10% para 25%. “Este poderá ser novamente um momento muito tenso no mercado e é preciso incluir esta possibilidade no balanço de riscos”, avalia.

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Ontem, Faria já havia apontado há uma grande aversão ao risco no mercado e o índice americano S&P 500 será um bom indicador para o rumo do câmbio. Para ele, é preciso que o benchmark fique de forma consistente acima dos 2.800 pontos para que o dólar pare de subir e fique neste nível próximo dos R$ 4,00.

“Caso o quadro se agrave lá fora, com o S&P caindo deste suporte de longo prazo, o dólar poderia subir para entre R$ 4,15 e R$ 4,20”, disse. Nesta terça, o índice americano opera em alta, em torno de 2.860 pontos.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.