Como o dado mostrando o pior mês da indústria em 4 meses interrompeu a sequência de queda do dólar

Moeda chegou a começar o dia em queda, mas não se sustentou após os dados da indústria pressionarem os juros futuros

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Se na véspera um indicador nos Estados Unidos foi responsável pela terceira queda seguida do dólar, nesta quarta-feira (13) é o cenário doméstico que está guiando a moeda por aqui, com analistas e investidores se preparando para a posse do novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A moeda chegou a abrir em queda, mas foi ganhando força e virou para o positivo ainda na primeira hora de pregão. Às 13h05 (horário de Brasília), o dólar avançava 0,25%, cotado a R$ 3,8259 na venda – o pior desempenho ante a moeda americana entre seus principais pares -, enquanto o dólar futuro com vencimento em abril subia 0,21%, para R$ 3,824.

A virada do dólar para alta teve início com o dado da produção industrial, que ficou no piso das estimativas compiladas pela Bloomberg e reforçou uma visão de recuperação ainda fraca da economia nacional. A indústria brasileira teve queda de 0,8% em sua produção em janeiro, em seu pior resultado em 4 meses.

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Isso pressiona os juros futuros para baixo, aumentando a tensão do mercado, que está no aguardo pela fala do novo presidente do BC, marcada para 15h. Há uma expectativa sobre alguma sinalização da postura que será adotada por Campos Neto em sua gestão, em um momento em que o mercado já começa a reavaliar o cenário de juros.

Essa queda das taxas amplia a visão de que a curva de juros começa a mostrar um corte da Selic em breve. E mesmo que esta avaliação ainda não tenha muita convicção e que este ainda seja um cenário incerto, esta chance que começa a ser ventilada de redução da taxa básica de juros é suficiente para fazer o dólar subir.

Na próxima semana ocorre o primeiro Copom (Comitê de Política Monetária) sob comando de Campos Neto, e mesmo que o mercado já tenha precificado uma manutenção de juros, começa a crescer a expectativa de que é possível vermos um novo ciclo de de alívio monetário ainda este ano.

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Apesar deste cenário, o diretor da Wagner Investimentos aponta que o mercado segue otimista, mas que ainda faltam gatilhos para levar a uma alta mais expressiva da bolsa. “A aprovação da Previdência na CCJ nos próximos dias poderá ser um destes gatilhos”, avalia.

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Segundo ele, a faixa dos R$ 3,80 é uma bom ponto de compra no curto prazo, sendo que a queda poderá favorecer a volta do câmbio para o range entre R$ 3,65 e R$ 3,80. “Caso a cotação siga abaixo da região de R$ 3,83, seguiremos com atuação dos especuladores vendendo a moeda”, conclui.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.