A fala do presidente do BCE que fez o dólar subir mais de 1% e renovar a máxima do ano

O índice dólar Bloomberg subiu para maior nível em dois meses, ao passo que o euro caiu para a menor cotação desde novembro

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Após chegar a operar em queda na manhã desta quinta-feira (7), o dólar comercial virou para o positivo e chegou a saltar 1,6%, superando os R$ 3,90 na máxima do dia seguindo um movimento global da moeda após o discurso do presidente do BCE (Banco Central Europeu), Mario Draghi.

Agitou o mercado a sinalização “dovish” adotada pela autoridade europeia, que além de manter os juros nas taxas mais baixas da história, também informou que fará uma oferta de empréstimos mais baratos a bancos. A indicação derrubou o euro e fez o dólar subir no mundo todo.

O dólar comercial fechou com alta de 1,28%, cotado a R$ 3,8847 na venda, renovando seu maior patamar do ano, que foi atingido na véspera. Enquanto isso, o dólar futuro com vencimento em abril, às 17h20 (horário de Brasília) tinha ganhos de 1,12%, a R$ 3,889.

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Já o índice dólar Bloomberg (que acompanha o desempenho do dólar contra uma cesta de 10 das principais moedas do mundo) subiu para seu maior nível em dois meses, ao passo que o euro caiu para a menor cotação desde novembro, assim que Draghi encerrou seu discurso. No mundo, o dólar avança sobre 12 de 16 das maiores moedas globais e a maior parte das 24 divisas emergentes.

Segundo o presidente do banco, “a persistência de incertezas em relação aos fatores geopolíticos e à ameaça do protecionismo está pesando no sentimento econômico”. Draghi disse que a economia da zona do euro vai crescer apenas 1,1% este ano, uma queda de 0,6 ponto percentual em relação à previsão dada há três meses.

A autoridade monetária da zona do euro disse que agora pretende manter os juros nos baixos níveis atuais até o fim de 2019, para garantir que a inflação convirja para sua meta, que é de uma taxa ligeiramente inferior a 2%, no médio prazo. Anteriormente, o BCE planejava não ajustar os juros básicos até o fim do verão europeu de 2019.

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Em entrevista para a Bloomberg, o estrategista de câmbio da BBH, Win Thin, disse que os mercados emergentes em geral estão “claramente dando maior peso à sombria previsão de crescimento do que à sinalização ‘dovish’, movimento semelhante ao visto depois do Fomc”.

Além disso, o BCE anunciou que fará uma nova rodada de Operações de Refinanciamento de Prazo Mais Longo Direcionadas (TLTROs, na sigla em inglês), que terá início em setembro deste ano e será concluída em março de 2021. As novas TLTROs terão vencimento de dois anos.

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Segundo Draghi, haverá uma necessidade acumulada de financiamento bancário nos próximos anos devido ao vencimento das TLTROs atuais e de um grande volume de bônus bancários, além de fatores regulatórios.

Draghi comentou que a decisão sobre as novas TLTROs foi tomada com base na necessidade de financiamento dos bancos e reflete mudanças nas condições econômicas da zona do euro. Ele disse esperar que as TLTROs favoreçam o ambiente para o crédito bancário.

Por fim, o presidente do BCE disse ainda que a tendência de desaceleração da zona do euro vem em meio a incertezas externas, como o arrefecimento do comércio global, a questão do Brexit e vulnerabilidades em países emergentes, como a China, assim como fatores locais, como a difícil situação econômica da Itália, que entrou em recessão técnica no fim do ano passado. Ele avaliou, porém, que as novas providências do BCE aumentam a “resiliência” da zona do euro.

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Draghi também afirmou que o BCE alterou o calendário para suas diretrizes de setembro para dezembro e que as decisões tomadas hoje reforçam a credibilidade de sua orientação futura.

(Com Agência Estado)

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.