Dólar sobe quase 1% e encosta em R$ 3,80 com desconforto sobre Previdência e cautela pré-carnaval

Moeda tem dia descolado da bolsa, seguindo o clima de mau humor após declarações de Bolsonaro sobe a Previdência

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Mesmo com o Ibovespa chegando a operar com alta no início do pregão desta sexta-feira (1), o dólar registra valorização contra o real desde o início do dia, voltando a encostar na marca dos R$ 3,80, algo que não acontece desde 22 de janeiro.

O mercado reage mal às declarações de ontem do presidente Jair Bolsonaro, que indicou que pode suavizar alguns pontos da reforma da Previdência. Entre as mudanças já indicadas estaria uma redução da idade mínima para aposentadoria das mulheres, de 62 para 60 anos, além de mudanças na regra do BPC (Benefício de Prestação Continuada), pago a idosos e deficientes de baixa renda.

Segundo os analistas da Rico Investimentos, Matheus Soares e Thiago Salomão, não chega a ser uma novidade esta declaração, mas o fato de Bolsonaro já indicar sua estratégia e apontar onde estaria disposto e ceder na reforma tira o poder de barganha do governo com os parlamentares.

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O Ibovespa teve forte reação na véspera por conta disso, caindo quase 2%, mas o câmbio segue reagindo e este cenário. Às 12h15 (horário de Brasília), o dólar comercial tinha alta de 0,79%, cotado a R$ 3,7827 na venda, após chegar a R$ 3,79 na máxima do dia.

Para o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, o clima de cautela do mercado mantém o dólar “preso em um range amplo entre R$ 3,65 e R$ 3,80”, sendo que nesta máxima a recomendação dele é de venda de moeda estrangeira.

Vale lembrar que, diante deste cenário de grandes incertezas, os investidores também tendem a evitar ficarem posicionados por conta do feriado prolongado de Carnaval.

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Os agentes financeiros tendem a optar pela cautela na véspera de carnaval, tendo em vista o longo tempo de inatividade do mercado, “para que não sejam surpreendidos na Quarta-feira de Cinzas”, diz nota da Correparti Corretora obtida pela Bloomberg.

E essa cautela também se dá pelo cenário externo, onde permanecem as preocupações geopolíticas, em meio a tensões entre a Índia e Paquistão e o fracasso da cúpula entre Kim Jong Un e Trump, além da indefinição sobre as negociações EUA-China.

“Pode-se ver movimentos similares [de alta do dólar] em outras moedas também. Peso mexicano, rand sul-africano e lira turca também aceleraram perdas, por exemplo”, diz You-Na Park, estrategista de câmbio do Commerzbank, para a Bloomberg.

Já Faria, conclui lembrando que muitos fatores podem mexer com o dólar agora, mas o principal é interno. “Importante comentar que um eventual acordo entre EUA e China reduzirá a aversão ao risco e isto deve beneficiar os nossos ativos, porém o maior gatilho de melhora é interno (leia-se: reforma da Previdência)”, escreveu em relatório para clientes.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.