Por que o dólar caiu em dia de caos na Bolsa após a tragédia de Brumadinho?

Moeda chegou a voltar para R$ 3,75, mas acabou tendo sua queda limitada em dia tenso para os negócios domésticos

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Diante da tragédia que atingiu Brumadinho, Minas Gerais, na última sexta-feira (25), analistas e investidores já se preparavam para o caos no mercado nesta segunda, e não foi diferente: ações da Vale desabam mais de 20% e o Ibovespa recua mais de 2%.

Mas o que pode surpreender algumas pessoas é o câmbio, com o dólar oscilando entre leves perdas e ganhos desde a abertura dos negócios. Às 17h21 (horário de Brasília), o contrato futuro da moeda com vencimento em fevereiro recuava 0,16%, a R$ 3,767, enquanto o dólar comercial fechou com perdas de 0,17%, cotado a R$ 3,7655 na venda.

A tendência de queda do dólar nesta sessão se dá por conta de um ajuste no câmbio diante do cenário visto na última sexta, quando o mercado internacional passou por um dia positivo. Por conta do feriado de aniversário de São Paulo, a bolsa brasileira não abriu e o reflexo do movimento daquele dia acaba ficando para hoje.

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Analistas apontam que o impacto do desastre em Brumadinho recaia basicamente sobre a Vale, que acaba trazendo um reflexo na bolsa, mas que não se espalha para outros ativos. Este evento em si não muda as projeções econômicas e mantém os investidores, principalmente os estrangeiros, ainda de olho nas mesmas questões que têm pesado nas últimas semanas.

“Surpreende essa resiliência do real, mas, se olharmos com certa frieza, as expectativas positivas no âmbito fiscal seguem as mesmas desde a semana passada”, disse Cleber Alessie, operador de câmbio da H. Commcor, para a Bloomberg.

O que se vê é um câmbio ainda “travado”, refletindo a cautela do estrangeiro, que tem se mantido até fora da bolsa, que por sua vez subiu forte nas últimas semanas por um movimento sustentado pelo investidor doméstico. A tendência é que este movimento se mantenha até que o governo consiga avançar de forma concreta com as reformas.

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Para o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior, por enquanto o dólar segue em tendência de baixa no médio prazo “No longo prazo, o dólar/real segue em alta, com suporte em R$ 3,65. Assim, o range provável está em torno de R$ 3,65 – R$ 3,80”, afirma.

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A tragédia de Brumadinho acaba não tendo impacto no mercado cambial, apesar de limitar as perdas da moeda norte-americana nesta sessão. Mais uma vez, o dólar mostra um momento de descolamento do mercado acionário, mantendo seu foco nas reformas e em avanços concretos da economia brasileira. E novidades podem estar próximas com o retorno dos trabalhos do Congresso esta semana.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.